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domingo, 9 de fevereiro de 2020

TRATADO DA VERDADEIRA DEVOÇÃO À SANTÍSSIMA VIRGEM E SUAS INCOERÊNCIAS COM A REVELAÇÃO BÍBLICA

O “Tratado Da Verdadeira Devoção À Santíssima Virgem”, escrito por São Luís Maria de Montfort, defende a tese de que para se chegar a Jesus é preciso passar primeiro por Maria, pois “ela é o meio mais seguro, fácil, mais rápido e mais perfeito de chegar a Jesus Cristo” (n. 55).  No Tratado, Maria é apresentada com os seguintes atributos: “Toda-poderosa”, pronta para traspassar seus inimigos” (n. 56), quem tem o mesmo poder divino (n.74), advogada e medianeira (n.55), consumadora da salvação: “Por meio de Maria começou a salvação do mundo e é por Maria que deve ser consumada” (n.49).
Os argumentos para tais afirmações acima mencionadas não têm embasamento bíblico sólido, mas são baseados em alguns santos Católicos, como:  São Bernardo, São Boaventura, Santo Agostinho, santo Efrém, São João Damasceno, etc. A maioria das citações bíblicas do Tratado foram interpretadas de forma forçosa e fora do seu contexto. Trata-se de argumentos meramente racionais com premissas equivocadas.
Ao afirmar que “a devoção à Santa Virgem é necessária a todos os homens para conseguirem a salvação” (39,1), Montfort acaba negligenciando uma verdade fundamental da nossa fé, a saber: Jesus é o único e suficiente para nossa salvação.  Ele é a porta quem salva as ovelhas (Cf. Jo 10. 9). Eu não preciso de janelas devocionais em honra a Maria para minha salvação. Jesus foi claro: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Ninguém vai ao Pai senão por mim (Jo 14. 6). Portanto, não há necessidade de atalhos fáceis para nossa salvação quando descobrimos O CAMINHO, quando conhecemos a verdade que liberta (Cf. Jo 8. 32), quando reconhecemos que “há um só Deus e um único mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem que se entregou para resgatar a todos” (1Tm 2.5). A Palavra é clara: Um só mediador para a salvação.  Não preciso de Pedro, José, Maria, João. Paulo diz ainda: “Em Cristo vocês têm tudo de modo pleno” (Cl 2.10).
Luís Montfort comete um equívoco quando coloca como pressuposto essencial para conhecer Jesus o conhecimento de Maria: “Meu coração ditou tudo o que acabo de escrever com especial alegria, para demostrar que Maria Santíssima tem sido, até aqui, desconhecida, e que é esta uma das razões por que Jesus Cristo não é conhecido como deve ser” (n.13).  O conhecimento de Jesus acontece pelo encontro pessoal com o mesmo: “Se vocês me conhecem, conhecerão também o meu Pai” (Jo 14. 7). Quer conhecer Jesus? Quer ser discípulo dele? Quer ser liberto? A estratégia não é o conhecimento de Maria, mas conhecer e guardar sua Palavra: “Se vocês guardarem a minha palavra, vocês de fato serão meus discípulos; conhecerão a verdade, e a verdade libertará vocês” (Jo 8. 31-32).  Uma devoção vivenciada erroneamente pode até afastar as pessoas de Jesus. Portanto, não é o desconhecimento de Maria razão do não conhecimento de Cristo, porque assim, a mensagem da pregação principal do Evangelho não seria o anúncio de Jesus, mas de Maria, já que ela deve ser conhecida primeiro.
O Tratado de Montfort é carregado de raciocínios de difícil compreensão, podendo assim, gerar confusão na mente de muitos cristãos que não têm conhecimentos maduros da sua própria fé, levando-os ao ofuscamento da pessoa de Jesus. A fé cristã verdadeira é Cristocêntrica. Por isso, “ninguém pode colocar um alicerce diferente daquele que já foi posto: Jesus Cristo” (1Cor 3.11). Qualquer devoção, por mais bem intencionada que pareça, deve ser questionada, revisada, criticada quando não é construída na pedra fundamental da fé em Jesus anunciada pela Igreja primitiva. As afirmações dos santos católicos sobre Maria não são verdades reveladas, mas meras opiniões. Por isso, podem ser questionadas.
DESTAQUES DE ALGUMAS AFIRMAÇÕES
“Ainda não se louvou, exaltou, amou e serviu suficiente a Maria, pois muito mais louvor, respeito, amor e serviço ela merece” (n.10).
“Tal é a vontade de Deus, que tudo tenhamos por Maria (...)” (n.25).
“Assim como na geração natural e corporal há um pai e uma mãe, há, na geração sobrenatural, um pai que é Deus e uma mãe, Maria Santíssima {...} “e quem não tem Maria por mãe, não tem Deus por pai” (n. 30).
“O desejo de Deus Filho é formar-se e, por assim dizer, encarnar-se todos os dias, por meio de sua Mãe, por seus membros” (n.31).
“Se Jesus Cristo, o chefe dos homens, nasceu nela, os predestinados, que são os membros desse chefe, devem também nascer nela, por uma consequência necessária. Não há mãe que dê à luz a cabeça sem os membros ou os membros sem a cabeça: seria uma monstruosidade da natureza” (n. 32).
“Maria produziu, com o Espírito Santo, a maior maravilha que existiu e existirá- um Deus-homem” (n.35).
[...} “a Santíssima Virgem, sendo necessária a Deus, (...) é muito mais necessária aos homens para chegarem a seu último fim” (n.39). “A devoção à Santa Virgem é necessária a todos os homens para conseguirem a salvação” (39,1).
“A verdadeira devoção à Santíssima Virgem consiste em se lhe devotar e entregar. O culto de dulia é a dependência, a servidão [...]; o culto de hiperdulia consiste numa dependência mais perfeita à Santíssima Virgem, ou, em outras palavras na escravidão preconizada por São Luís Maria de Montfort” (n.40).
“Só Maria achou graça diante diante de Deus (Lc 1, 30) sem auxílio de qualquer outra criatura. E todos, depois dela, que acharam graça diante de Deus, acharam-na por intermédio dela e é só por ela que acharão graça os que ainda virão” (n.44).
{...} “o Altíssimo a fez tesoureira de todos os seus bens, dispensadora de suas graças, para enobrecer, elevar e enriquecer a quem ela quiser, para fazer entrar quem ela quiser no caminho estreito do céu, para deixar passar, apesar de tudo, quem ela quiser pela porta estreita da vida eterna” (n. 44).
“A Maria somente deus confiou as chaves do celeiro do divino amor, e o poder de entrar nas vias mais sublimes e mais secretas da perfeição, e de nesses caminhos fazer entrar os outros” (n.45).
“Por meio de Maria começou a salvação do mundo e é por Maria que deve ser consumada” (n.49).
“Advogada e medianeira junto de Jesus Cristo” (n. 55).
“Jesus Cristo, nosso salvador, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, deve ser o fim último de todas as nossas devoções; de outro modo, elas serão falsas e enganosas” (n.61).  
“Antes do batismo, éramos escravos do demônio; o batismo nos fez escravos de Jesus Cristo” (n.73).
“Tudo o que convém a Deus pela natureza, convém a Maria pela graça, dizem os santos. Assim, conforme este ensinamento, pois que ambos têm a mesma vontade e o mesmo poder, têm os mesmos súditos, servos e escravos” (n.74).
“A Santíssima Virgem é o meio de que Nosso Senhor se serviu pra vir até nós ; e é o meio que devemos nos servir para ir a ele” (n.75).
“Tudo o que temos em nosso íntimo é nada e pecado, e só merecemos a ira de Deus e o inferno eterno” (n.79).
“A sabedoria infinita, que não dá ordens sem motivo, só ordena que nos odiemos porque somos grandemente dignos de ódio: só Deus é digno de amo, enquanto nada há mais digno de ódio do que nós” (n. 80).
A devoção deve levar ao “aniquilamento do próprio eu” (n. 82).
“Temos necessidade de um medianeiro junto do próprio medianeiro que é Jesus Cristo” (n. Art. IV).  
“Para mais perfeitamente bendizer a Jesus Cristo, cumpre bendizer a Maria” (n.95).
“Começar, continuar, e acabar todas as ações por ela, nela, com ela e para ela, a fim de fazê-las por Jesus Cristo, em Jesus Cristo e para Jesus Cristo, nosso ultimo fim” (n. 115)..

Entre as praticas externa da devoção em nenhum momento sugere a leitura da Bíblia. Manda fazer imagens e colocar nas Igrejas e casas (n.116). 

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Lúcio Rufino Pinheiro