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quarta-feira, 25 de março de 2020

O QUE ACONTECERÁ COM AS PESSOAS QUE COMETERAM SUICÍDIO?


A vida é o dom por excelência que recebemos das mãos do Deus criador. Por isso, o caráter da vida é sagrado e o seu direito é inviolável. Assim como ninguém pediu pra nascer ou pelo próprio poder decidiu um dia vir ao mundo, assim também, não temos nenhuma permissão divina ou poder para decidir o término de nossa existência. O suicídio é considerado um auto-assassinato, por isso, viola o mandamento divino, “Não matarás!” (Ex 20.13),  quem atenta contra sua própria vida.
Se o nascer e o morrer pertencem ao Senhor, o que acontecerá com as pessoas que cometeram suicídio? Não existe nenhuma passagem bíblica que trate explicitamente sobre o destino dos suicidas. Assim, é preciso ter muita prudência para não sairmos condenando as pessoas que, por motivos dos quais não temos conhecimento, acabaram ceifando suas próprias vidas. Somente ao Senhor, que conhece as intenções mais profundas do coração do homem, pertencem o julgamento e a salvação.
É evidente que o suicídio é um pecado mortal. Porém, jamais podemos afirmar que não há perdão para ele. Jesus (Mt 12.31) declara que “todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada”, ou seja, o único pecado   imperdoável é  a recusa em confessar Jesus como o Filho de Deus salvador e o não reconhecimento que suas obras são manifestações do Espírito Santo.
Sabemos que homem, após a queda, por natureza é pecador. A força do pecado é tão grande, que pode nos arrastar a fazer o que não queremos. Confessa o apostolo Paulo em Rm 7.19-20: “Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que eu não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim”. Uma vez o homem é pecador e não tem nenhum merecimento diante de Deus,  o seu destino eterno, seja de salvação ou perdição, pertence ao Senhor, depende da sua graça.  Ele é onisciente, sabe com certeza absoluta quem será verdadeiramente salvo ou não, por isso, não nos cabe proclamar sentenças condenatórias, pois é possível que, naquele instante dramático, de desespero, silencioso, solitário, a pessoa que atentou contra sua própria vida tenha sido acolhida pela infinita misericórdia de Deus.   
Meu amigo, minha amiga, não se deve perder a esperança da salvação eterna das pessoas que cometeram suicídio. A melhor palavra de conforto para alguém que passa pela dor de ter testemunhando o suicídio de um pai ou mãe, de um irmão, irmã, esposo, esposa, um parente, amigo, conhecido deve ser esta: confie na misericórdia de Deus! . Confie na palavra de Deus através do salmista que diz no Sl 9.9-10: “O SENHOR é também alto refúgio para o oprimido, refúgio nas horas de tribulação. Em ti, pois, confiam os que conhecem o teu nome, porque tu, SENHOR, não desamparas os que te buscam”.

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Lúcio Rufino Pinheiro

O QUE LEVA UMA PESSOA A COMETER SUICÍDIO?


De tudo que há no mundo não existe nada mais valioso do que a vida.  Um só dia de nossa existência é mais precioso do que milhões de ouro e prata. No entanto, muitas pessoas têm perdido o gosto pela vida, não encontram mais motivações e razões suficientes para continuarem vivendo e decidem abreviar os dias de sua existência neste mundo. Por ano, um milhão de pessoas se suicidam. A cada 40 segundos aproximadamente, uma pessoa comete suicídio no mundo.
O que leva uma pessoa a cometer suicídio? São vários os motivos que levam pessoas das mais diversas idades, condições sociais e crenças a desistirem de viver: Decepções, incapacidade de enfrentar problemas financeiros, sentimentais, familiares, existenciais, traumas emocionais, abuso de drogas. Segundo alguns estudiosos do assunto, a depressão, que atinge milhões de pessoas, é responsável por 15% dos suicídios.
O desejo de não mais viver atingiu também os homens de Deus. Segundo a Bíblia, cansado pelo peso de sua missão, impregnado de sentimentos de insuficiências e frustração, Moises perde a paciência e suplica ao Senhor que tire sua vida (Cf. Nm 11. 14-15); desanimado e como medo, o profeta Elias pediu para si a morte (Cf. 1Rs 19.4). Jó, mesmo com toda sua paciência, amaldiçoou o dia do seu nascimento e questionou por que não morreu no ventre de sua mãe (Cf. Jó 3.3,11); Jeremias, passando por grande solidão e rejeição do povo de Israel, amaldiçoou o dia que nasceu e lamentou por ter saído do ventre de sua mãe tão somente para ver trabalho e tristeza e para que se consumam de vergonha os seus dias (Cf. Jr 20.14-18); o Profeta Jonas, desgostoso com sua missão, suplica ao Senhor que tire sua vida, porque considera ser melhor morrer do que viver (Jn 4.1-3).
Outros homens da Bíblia não somente desejaram morrer, mas praticaram o suicídio: Abimeleque, para escapar da vergonha, pediu ao seu escudeiro para matá-lo (Jz 9.54); O rei Saul e seu escudeiro se jogaram sobre suas próprias espadas (1Sm 31.4); Aitofel, um dos conselheiros do rei Absalão, após saber que o rei tinha rejeitado suas recomendações, se enforcou (Cf. 2Sm 17.23); Judas Iscariotes, apóstolo de Jesus, movido pelo remorso, tirou sua própria vida (Cf. Mt 27.5).
Os exemplos da Bíblia mencionados mostram que, por mais que alguém seja uma pessoa de fé, por algum motivo, ela pode perder a vontade de viver e ceifar a própria vida. Os exemplos dos homens da Bíblia são úteis para que aprendamos que não importa qual seja a situação pela qual possamos passar ou estejamos passando: tristeza, medo, angústia, decepção, remorso, rejeição, depressão; não podemos jamais desistir da vida. É preciso lutar contra todos os inimigos interiores que tentam sufocar nossa vontade de viver, buscar forças em Deus, resistir aos pensamentos maléficos e destruidores e nos apropriamos dos bons pensamentos, como nos exorta o apóstolo Paulo na carta aos Fl 4.8: “Finalmente irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento”.

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Lúcio Rufino Pinheiro de Almeida

terça-feira, 17 de março de 2020

A SALVAÇÃO É OBRA DE DEUS OU DO HOMEM?



Através do pecado original a razão e a vontade do homem foram manchadas. Pelo pecado, a natureza humana rebelou-se contra Deus, nos tornamos inimigos de Deus, fomos destituídos da glória de Deus, nos depravamos totalmente de tal forma que Paulo diz em Rm 3. 9-18 “que todos nós, judeus e gregos, estamos debaixo do pecado”.  Paulo Acrescenta que esta é a condição do homem Paulo: “Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus, todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há um sequer. A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca eles a têm cheia de maldição e amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos há destruição e miséria; desconhecem o caminho da paz. Não há temor diante de seus olhos” . 
Ora, diante dessa situação de depravação total do homem é impossível que ele busque a Deus, que ame a Deus, que o tema, que ele tenha disposição interior para sua salvação, pois como Paulo diz em Ef 2.1, “estamos mortos em nossos delitos e pecados”. Assim como um morto não pode fazer nada por conta própria, assim também é impossível para o homem buscar as realidades espirituais, contribuir com sua própria salvação.
Uma vez que não podemos ser salvos por esforços ou méritos pessoais o que nossos resta é a graça de Deus. O que é a graça? Um presente, um favor imerecido de Deus. Em vez de Deus aplicar em nós seu justo juízo pelos nossos pecados, enviou seu filho como nosso substituto, concedendo-nos gratuitamente sua bondade. Paulo diz em Ef 2.8-9;  “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não das obras, para que ninguém se glorie”.
A salvação do homem é uma iniciativa divina. “Ele nos amou primeiro” (1Jo 4.19.) Não somos nós por vontade própria que buscamos a Deus, pelo contrário, somos buscados, encontrados por Deus. . Pelo seu Espírito Santo, Deus modifica o coração do homem e faz com que ele se volte para Deus, se arrependa de seus pecados e aceite pela fé que Jesus morreu para o perdão dos seus pecados.
Agostinho: “A graça de Deus sozinha é totalmente capaz de mover os pecadores em direção a Cristo”. Somente a graça é suficiente para nossa salvação. Não existe nada que o homem possa fazer para se tronar merecedor da vida eterna. A obra da salvação é única e exclusiva da graça de Deus. 
A graça exclui qualquer mérito pelas obras do homem. Paulo diz em Rm 11.6: “E, se é pela graça, já não é pelas obras;  do contrário, a graça já não é graça”.
Portanto, a salvação não é, em nenhum sentido, obra humana. Não são os artifícios humanos que operam a salvação, mas somente a graça regeneradora do Espírito.

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Lúcio Rufino Pinheiro

SE O SENHOR É O MEU PASTOR POR QUE ALGUMAS COISAS TÊM FALTADO EM MINHA VIDA?


O salmista Davi, no salmo 23.1 diz: “O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará”.  Se o Senhor é o meu pastor por que algumas coisas têm faltado em minha vida? Falta comida, emprego, dinheiro, bens materiais, saúde, paz, felicidade, falta até mesmo, para alguns, a vontade de viver.  Será que a Palavra de Deus está mentindo?
É evidente que não.  Sua Palavra é verdadeira e se realiza na vida de todo aquele que crer. A expressão “nada faltará” não significa que tudo o que desejamos tenha que ser alcançado, que teremos prosperidade econômica e que não teremos mais nenhum problema nesta vida. O que não nos faltará não é o que queremos, mas o que realmente Deus sabe que precisamos. Se Deus não concede tudo o que desejamos é porque ele sabe o que é melhor para nós.
O que é que não pode jamais faltar em nossa vida? O temor a Deus. Quem não reconhece o Senhor como o seu pastor pode ter riqueza, fama, prestigio, poder e não passará de um miserável. Quando Davi diz que “o Senhor é o meu pastor e nada me faltará” quer dizer que, quem tem Deus tem tudo; ele é o único necessário, é o que é essencial em nossas vidas. Prosperidade alguma vai nos livrar da doença, do vale da sombra da morte. Mas se temos o Senhor como Pastor, não há com o que temer ou sem preocupar, pois ele providenciará o que for necessário, como assegura Paulo, na carta aos Filipenses 4.19: “E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades”.
Se o Senhor nos garante em sua Palavra que há de suprir nossas necessidades, nossa preocupação deve ser pela buscar do essencial. Assim ensinou Jesus, o Bom Pastor (Mt 6.31-33): “Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas;  buscai, pois, em primeiro lugar o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”.
Meu amigo, minha amiga, nossa fé não pode ser interesseira, não pode ser uma busca ansiosa pelos “acréscimos”. Têm muitas pessoas nas “igrejas” buscando a Deus de forma equivocada, somente com o propósito de obter aquilo que Ele pode oferecer, preocupadas em assegurar que nada de material faltará. Assim, esquecem que os tesouros que jamais podem faltar são: temor e amor Deus, reconhecimento daquilo que ele é: Senhor e Pastor de nossas vidas.

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Lúcio Rufino Pinheiro

POR QUE ORO TANTO E DEUS NÃO RESPONDE?



Em primeiro lugar é preciso entender que a  oração não um mero meio de obter benefícios de Deus. Não oramos a Deus porque ele tem algo a nos oferecer, mas porque quero demostrar meu amor a Ele e agradecer pela sua bondade. Nesse sentido, a oração significa uma atitude diálogo,  escuta, relacionamento de intimidade com Deus. A bíblia diz em Ex 33.11 que “falava o Senhor  a Moisés face a face, como qualquer fala a seu amigo”.
Quando criamos esse relacionamento de intimidade, amizade com Deus através da oração, naturalmente vamos entendendo que não podemos cobrar, exigir coisa alguma de Deus, pois, se acreditamos que seu amor por nós é imenso, ele há de nos favorecer sempre com o que é necessário e não com aquilo que achamos que precisamos. E o que é necessário? É a graça de Deus. O apostolo Paulo testemunha (2Co 12.7,8) que foi posto um espinho em sua carne. Por causa disso por três vezes pediu ao Senhor que afastasse dele aquele sofrimento. Qual foi a resposta do Senhor: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza”.
Muitas vezes, as nossas fraquezas e sofrimentos são  obras de Deus destinadas para o nosso proveito. Quem reconhece a importância da graça de Deus, do favor imerecido de Deus, jamais ficará abalado, angustiado, decepcionado. Pelo contrario, em tudo dará graças a Deus e deixará que sua vontade prevaleça.
Se Deus que tudo sabe e vê, nem sempre  atende o que pedimos, é porque ele sabe o que é melhor para nós, pois, como diz Paulo em  Rm 8.26 , “não sabemos orar como convém” .  Não porque as palavras sejam erradas, mas porque os motivos são egoístas, interesseiros. Assim nos diz Tiago em sua carta (4.3): “Vocês pedem, mas não recebem, porque pedem mal, com intenção de gastarem em seus prazeres”.
O silêncio de Deus diante de nossa súplica é para que possamos entender que a verdadeira oração deve ser aquela que se diz com humildade: Senhor, “faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.10).

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Lúcio Rufino Pinheiro

COMO SOMOS JUSTIFICADOS DIANTE DE DEUS?



Antes de responder a pergunta é preciso entender o que significado de justificação. Justificação é a ação livre da graça de Deus através da qual Ele perdoa todos os nossos pecados e nos aceita como justos. Pela justiça de Cristo a nós imputada (atribuída) os nossos pecados passados, presentes e futuros são perdoados. Paulo diz em Rm 4.7: “Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas e cujos pecados são cobertos”.  
O único meio pelo qual a obra de Cristo é recebida é pela fé, como diz Paulo em Rm 3.28: “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independente das obras da lei”. A justificação do pecador ocorre somente pela fé, ou seja, em nada podemos cooperar com nossas obras para a justificação. Não é pela prática da caridade, não é pela piedade religiosa (esmola, jejum, orações, cultos, penitências, indulgências) que somos justificados.  A palavra de Deus em Ef 2.8-9 deixa claro: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não das obras, para que ninguém se glorie”.
Diante de Deus não temos nenhum mérito, nossas obras, por mais benéficas que sejam, serão sempre imperfeitas. O profeta Isaías 64.7 diz que “somos imundos” e “nossas justiças, obras são como trapo de imundícia” (ou seja, nossas obras são sujas como os panos que a mulher usava no período de sua menstruação).
Portanto, nada que façamos pode nos tornar justos, apenas a fé no que Cristo fez por nós pode nos justificar.

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Lúcio Rufino Pinheiro



terça-feira, 3 de março de 2020

PAGAMOS PELOS ERROS DOS NOSSOS ANTEPASSADOS?



Muitos acreditam que o mal que uma pessoa sofre é resultado de uma maldição divina. Assim, a doença, o insucesso sentimental, uma crise financeira, uma tragédia e tantas outras situações desagradáveis nada mais são do que punições pelos pecados cometidos pelos seus antepassados.
Tal compreensão é resultado de uma interpretação equivocada do texto bíblico que se encontra no livro do Êxodo 20. 5 que diz: “Porque eu sou o Senhor teu Deus que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira geração daqueles que me aborrecem”. A partir desse texto podemos afirmar que Deus pune uma pessoa pelo pecado de outra? É claro que não. O texto de êxodo trata sobre o pecado da idolatria, abominável aos olhos de Deus. A idolatria era uma prática que contaminava as famílias de tal maneira que os filhos imitavam os costumes de seus pais e acabavam sofrendo as mesmas consequências. Ou seja, os filhos não sofriam porque seus antepassados pecaram, mas porque tiveram as mesmas atitudes reprovadas por Deus, porque também aborreceram ao Senhor.
Na Bíblia, existe um texto que afirma com clareza que não pagamos pelos erros dos nossos antepassados. Vejamos o que diz o profeta Ezequiel 18. 20: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai, a iniquidade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a perversidade do perverso cairá sobre este”.
O texto de Ezequiel foi escrito para corrigir aqueles que pregavam que Deus punia alguém pelo pecado de outro (Cf. Ez 18.2,3).  Deus seria injusto se condessasse um filho pelo erro de seu pai, avô ou bisavô.
 É verdade, que tudo o que falamos ou fazemos têm consequências positivas e negativas na nossa vida e na vida daqueles com os quais convivemos. A Bíblia diz na Carta aos Gálatas 6. 7-8  que “Aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito colherá vida eterna”.
Na passagem bíblica da cura do cego de nascença que se encontra no Evangelho de João no capitulo 9. 1-3,  os discípulos de Jesus perguntaram: “Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais, mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus”. Com sua resposta, Jesus rejeita a crença, presente entre muitos do povo de Israel, que todo o sofrimento é resultado de um pecado, uma punição pelos erros dos pais ou de algum pecado cometido por aquele que sofre.
 Portanto, segundo o testemunho bíblico apresentado, Deus não condena os pecados dos pais nos filhos.  Cada um é responsável diante de Deus pelos seus atos. Rm 14.12:  “Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus”.  Aliás, não tem sentido para um cristão acreditar em “maldição hereditária”, isso é, pecados na família que têm consequências para várias gerações, pois Cristo, pela sua Redenção, de forma eficiente e eficaz, nos libertou da maldição da lei, pagou nossa culpa diante de Deus de forma que a maldição prescrita na lei já não tem nenhum efeito sobre nós (Cf. Cl 2.13-15; Gl 3.13).

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Lúcio Rufino Pinheiro

domingo, 9 de fevereiro de 2020

TRATADO DA VERDADEIRA DEVOÇÃO À SANTÍSSIMA VIRGEM E SUAS INCOERÊNCIAS COM A REVELAÇÃO BÍBLICA

O “Tratado Da Verdadeira Devoção À Santíssima Virgem”, escrito por São Luís Maria de Montfort, defende a tese de que para se chegar a Jesus é preciso passar primeiro por Maria, pois “ela é o meio mais seguro, fácil, mais rápido e mais perfeito de chegar a Jesus Cristo” (n. 55).  No Tratado, Maria é apresentada com os seguintes atributos: “Toda-poderosa”, pronta para traspassar seus inimigos” (n. 56), quem tem o mesmo poder divino (n.74), advogada e medianeira (n.55), consumadora da salvação: “Por meio de Maria começou a salvação do mundo e é por Maria que deve ser consumada” (n.49).
Os argumentos para tais afirmações acima mencionadas não têm embasamento bíblico sólido, mas são baseados em alguns santos Católicos, como:  São Bernardo, São Boaventura, Santo Agostinho, santo Efrém, São João Damasceno, etc. A maioria das citações bíblicas do Tratado foram interpretadas de forma forçosa e fora do seu contexto. Trata-se de argumentos meramente racionais com premissas equivocadas.
Ao afirmar que “a devoção à Santa Virgem é necessária a todos os homens para conseguirem a salvação” (39,1), Montfort acaba negligenciando uma verdade fundamental da nossa fé, a saber: Jesus é o único e suficiente para nossa salvação.  Ele é a porta quem salva as ovelhas (Cf. Jo 10. 9). Eu não preciso de janelas devocionais em honra a Maria para minha salvação. Jesus foi claro: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Ninguém vai ao Pai senão por mim (Jo 14. 6). Portanto, não há necessidade de atalhos fáceis para nossa salvação quando descobrimos O CAMINHO, quando conhecemos a verdade que liberta (Cf. Jo 8. 32), quando reconhecemos que “há um só Deus e um único mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem que se entregou para resgatar a todos” (1Tm 2.5). A Palavra é clara: Um só mediador para a salvação.  Não preciso de Pedro, José, Maria, João. Paulo diz ainda: “Em Cristo vocês têm tudo de modo pleno” (Cl 2.10).
Luís Montfort comete um equívoco quando coloca como pressuposto essencial para conhecer Jesus o conhecimento de Maria: “Meu coração ditou tudo o que acabo de escrever com especial alegria, para demostrar que Maria Santíssima tem sido, até aqui, desconhecida, e que é esta uma das razões por que Jesus Cristo não é conhecido como deve ser” (n.13).  O conhecimento de Jesus acontece pelo encontro pessoal com o mesmo: “Se vocês me conhecem, conhecerão também o meu Pai” (Jo 14. 7). Quer conhecer Jesus? Quer ser discípulo dele? Quer ser liberto? A estratégia não é o conhecimento de Maria, mas conhecer e guardar sua Palavra: “Se vocês guardarem a minha palavra, vocês de fato serão meus discípulos; conhecerão a verdade, e a verdade libertará vocês” (Jo 8. 31-32).  Uma devoção vivenciada erroneamente pode até afastar as pessoas de Jesus. Portanto, não é o desconhecimento de Maria razão do não conhecimento de Cristo, porque assim, a mensagem da pregação principal do Evangelho não seria o anúncio de Jesus, mas de Maria, já que ela deve ser conhecida primeiro.
O Tratado de Montfort é carregado de raciocínios de difícil compreensão, podendo assim, gerar confusão na mente de muitos cristãos que não têm conhecimentos maduros da sua própria fé, levando-os ao ofuscamento da pessoa de Jesus. A fé cristã verdadeira é Cristocêntrica. Por isso, “ninguém pode colocar um alicerce diferente daquele que já foi posto: Jesus Cristo” (1Cor 3.11). Qualquer devoção, por mais bem intencionada que pareça, deve ser questionada, revisada, criticada quando não é construída na pedra fundamental da fé em Jesus anunciada pela Igreja primitiva. As afirmações dos santos católicos sobre Maria não são verdades reveladas, mas meras opiniões. Por isso, podem ser questionadas.
DESTAQUES DE ALGUMAS AFIRMAÇÕES
“Ainda não se louvou, exaltou, amou e serviu suficiente a Maria, pois muito mais louvor, respeito, amor e serviço ela merece” (n.10).
“Tal é a vontade de Deus, que tudo tenhamos por Maria (...)” (n.25).
“Assim como na geração natural e corporal há um pai e uma mãe, há, na geração sobrenatural, um pai que é Deus e uma mãe, Maria Santíssima {...} “e quem não tem Maria por mãe, não tem Deus por pai” (n. 30).
“O desejo de Deus Filho é formar-se e, por assim dizer, encarnar-se todos os dias, por meio de sua Mãe, por seus membros” (n.31).
“Se Jesus Cristo, o chefe dos homens, nasceu nela, os predestinados, que são os membros desse chefe, devem também nascer nela, por uma consequência necessária. Não há mãe que dê à luz a cabeça sem os membros ou os membros sem a cabeça: seria uma monstruosidade da natureza” (n. 32).
“Maria produziu, com o Espírito Santo, a maior maravilha que existiu e existirá- um Deus-homem” (n.35).
[...} “a Santíssima Virgem, sendo necessária a Deus, (...) é muito mais necessária aos homens para chegarem a seu último fim” (n.39). “A devoção à Santa Virgem é necessária a todos os homens para conseguirem a salvação” (39,1).
“A verdadeira devoção à Santíssima Virgem consiste em se lhe devotar e entregar. O culto de dulia é a dependência, a servidão [...]; o culto de hiperdulia consiste numa dependência mais perfeita à Santíssima Virgem, ou, em outras palavras na escravidão preconizada por São Luís Maria de Montfort” (n.40).
“Só Maria achou graça diante diante de Deus (Lc 1, 30) sem auxílio de qualquer outra criatura. E todos, depois dela, que acharam graça diante de Deus, acharam-na por intermédio dela e é só por ela que acharão graça os que ainda virão” (n.44).
{...} “o Altíssimo a fez tesoureira de todos os seus bens, dispensadora de suas graças, para enobrecer, elevar e enriquecer a quem ela quiser, para fazer entrar quem ela quiser no caminho estreito do céu, para deixar passar, apesar de tudo, quem ela quiser pela porta estreita da vida eterna” (n. 44).
“A Maria somente deus confiou as chaves do celeiro do divino amor, e o poder de entrar nas vias mais sublimes e mais secretas da perfeição, e de nesses caminhos fazer entrar os outros” (n.45).
“Por meio de Maria começou a salvação do mundo e é por Maria que deve ser consumada” (n.49).
“Advogada e medianeira junto de Jesus Cristo” (n. 55).
“Jesus Cristo, nosso salvador, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, deve ser o fim último de todas as nossas devoções; de outro modo, elas serão falsas e enganosas” (n.61).  
“Antes do batismo, éramos escravos do demônio; o batismo nos fez escravos de Jesus Cristo” (n.73).
“Tudo o que convém a Deus pela natureza, convém a Maria pela graça, dizem os santos. Assim, conforme este ensinamento, pois que ambos têm a mesma vontade e o mesmo poder, têm os mesmos súditos, servos e escravos” (n.74).
“A Santíssima Virgem é o meio de que Nosso Senhor se serviu pra vir até nós ; e é o meio que devemos nos servir para ir a ele” (n.75).
“Tudo o que temos em nosso íntimo é nada e pecado, e só merecemos a ira de Deus e o inferno eterno” (n.79).
“A sabedoria infinita, que não dá ordens sem motivo, só ordena que nos odiemos porque somos grandemente dignos de ódio: só Deus é digno de amo, enquanto nada há mais digno de ódio do que nós” (n. 80).
A devoção deve levar ao “aniquilamento do próprio eu” (n. 82).
“Temos necessidade de um medianeiro junto do próprio medianeiro que é Jesus Cristo” (n. Art. IV).  
“Para mais perfeitamente bendizer a Jesus Cristo, cumpre bendizer a Maria” (n.95).
“Começar, continuar, e acabar todas as ações por ela, nela, com ela e para ela, a fim de fazê-las por Jesus Cristo, em Jesus Cristo e para Jesus Cristo, nosso ultimo fim” (n. 115)..

Entre as praticas externa da devoção em nenhum momento sugere a leitura da Bíblia. Manda fazer imagens e colocar nas Igrejas e casas (n.116). 

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Lúcio Rufino Pinheiro