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segunda-feira, 25 de junho de 2018

QUEM ERA A BESTA DO LIVRO DO APOCALIPSE?

A Besta que o autor do livro do Apocalipse faz referência no capítulo 13 é interpretada por muitos religiosos fundamentalistas como um grande líder religioso cujo poder abrange o mundo inteiro. Não poucas vezes, os “irmãos separados” identificaram a Besta como sendo o bispo de Roma, o papa. Existe fundamento para essa identificação? Para responder essa pergunta, convém um entendimento do contexto no qual o livro do Apocalipse foi escrito.
O livro do Apocalipse, segundo estudiosos conceituados, foi concluído por volta do ano 95 d.C., no reinado de Domiciano, imperador romano que mandou executar seu primo Flávio Clemente por ser cristão. Outras partes do livro, foram escritas no tempo do imperador César Nero, antes do ano 70 d.C.
O contexto maior no qual o livro do Apocalipse foi escrito é de perseguição do império romano a Igreja Cristã, representada pela Mulher perseguida (ἐδίωξεν -edioxen) pelo Dragão (Cf. Ap 12,13). Os cristãos, no período das perseguições, passaram por uma “grande tribulação (θλίψεως” τῆς μεγάλης) (Cf. Ap 7,14; 1,9; 2,9; 2,10;2,22) que resultou em exílio (Cf. Ap 1,9 ), prisões e mortes (Cf. Ap 13,10).
Diante desse cenário de perseguição, o autor escreveu o livro do Apocalipse com a finalidade de animar os cristãos para perseverarem no testemunho até as últimas consequências (Cf. Ap 12,11). Os que permanecerem firmes receberão a “coroa da vida” (Ap 2,10), serão considerados felizes (Cf. Ap 1,3; 14,13; 16,15; 19,9; 20,6). A mensagem do Apocalipse é de esperança. Virá um tempo novo, “um céu novo e uma nova terra”, sem dor, sofrimento e morte (Cf. Ap 21, 1-4), pois, o maior poder não é do imperador, mas do Cordeiro (Cf. Ap 5,13 ). Ele assumirá o trono (Cf. Ap 21,5). Com o Cordeiro, os justos e fiéis participarão do seu reinado (Cf. Ap 20, 4-5).
Como não era possível em tempos de perseguição falar de forma clara, o autor transmitiu sua mensagem aos cristãos usando o gênero apocalíptico, repleto de imagens e símbolos. No gênero apocalíptico, animais, como a Besta, geralmente são associados ao homem.
Vejamos o que diz Ap 13 sobre a Besta, fazendo uma análise de alguns versículos:
a) “Vi então uma Besta que subia do mar. Tinha dez chifres e sete cabeças” (...) (v.1).
A Besta (θηρίον ) surge do mar. Na Bíblia, o mar aparece muitas vezes como símbolo do mal, lugar dos monstros estranhos (Cf. Sl 74,13-14; Jó 40,15). Representa forças negativas que se opõem a Deus (Cf. Jo 7,12). A Besta, portanto, é portadora do mal. Chifres e cabeça são símbolos explicados em Ap 17, 9-12. Os “dez chifres” representam reis que não receberam o poder de governar (Cf. Ap 17,12) e que se revoltam contra o domínio do império (Cf. Ap 17,16). As “sete cabeças” são os “sete montes” (Cf. Ap 17, 9a), colinas de Roma, capital do império. Representam ainda “sete reis” (Ap 17,9b), imperadores romanos. Nota-se, portanto, que o poder da Besta não é religioso, mas político.
b) “Aqui é preciso discernimento! Quem é inteligente calcule o número da Besta, pois é um número de homem: seu número é 666” (ἑξακόσιοι ἑξήκοντα ἕξ ) (Ap 13,18).
Nas línguas antigas, como hebraico e grego, as letras do alfabeto tinham valores numéricos. Por exemplo: Lúcio em grego é "λούκιος ".  Transformando cada letra desse nome em numerais,  λ (30) + ο (70) + ύ (400) + κ (20) + ι (10) + ο (70) + ς (200) obteremos o seguinte resultado: 800. Quase o número de Jesus (ἰησοῦς) que é 888. 
Assim, foram levantadas várias hipóteses sobre o “número da Besta” a partir de vários cálculos. Vejamos algumas hipóteses:
a) Os imperadores romanos recebiam o título de César, em grego, kaísar (καίσαρ). Além desse título, os imperadores se julgavam deuses. Assim, feito o cálculo com o título César-Deus (καίσαρ-θεός) καίσαρ-θεός = κ (20 ) + α ( 1 ) + ί (10 ) + σ (200 ) + α (1 ) + ρ ( 100 ) + θ (9 ) + ε ( 5) + ό (70) + ς ( 200 ) é possível chegar ao seguinte resultado: 616. Segundo os defensores dessa teoria, com base em um fragmento antigo do livro Apocalipse, encontrado em 1985, hoje conservado no museu de Oxford (Inglaterra), o número que se encontra no texto é 616. Existem ainda dois pequenos manuscritos gregos do Apocalipse que têm 616. Santo Irineu (140-202) em seus escritos faz referência à existência de duas variantes nos códices do Apocalipse, 666 e 616.
b) Transformando o nome César Nero do grego para o hebraico, somando os valores das consoantes do seu nome: Q: qof: (100) + S: samekh (60) + R: resh (200) + N: num (50) + R: resk (200) + V: vav (6) + N: nun (50) o resultado final será o número 666. Essa teoria é defendida nas notas explicativas das Bíblias Católicas.
c) O número sete na Bíblia significa plenitude, totalidade, perfeição. Seis na Bíblia indica imperfeição. O número 666 acentuava que o império da Besta era fraco, inferior, imperfeito, vulnerável.
Os argumentos acerca do número da Besta do Apocalipse são diversos. Porém, o argumento mais frágil e sem relação com o contexto bíblico de Apocalipse 13 é aquele que associa o número da Besta ao líder da Igreja Católica Apostólica Romana, o papa. Uriah Smith, Adventista do Sétimo Dia, em sua obra, “As profecias do Apocalipse”, atribuiu o número da Besta ao papa. Segundo o mesmo, o representante da Igreja Católica usava na sua tiara o seguinte título em latim: “VICARIUS FILII DEI” (Vigário do Filho de Deus). A transformação de algumas letras desse título em latim para numerais romanos fez com que Smith chegasse ao número 666. A teoria de Smith, amplamente divulgada por muitos religiosos anticatólicos, não tem sustentação pelas seguintes razões: O papa não usa o título Vigário do Filho de Deus e o texto de Apocalipse 13,18 diz que era “um número de homem” e não um título.
Portanto, quem era a Besta do livro Apocalipse? Conforme os argumentos apresentados, podemos afirmar que se tratava de “um imperador romano” que perseguia os cristãos no primeiro século. Seu número poderia indicar que seu poder era limitado, frágil. Qualquer interpretação que anule essa compreensão não tem coerência com o texto bíblico. “É preciso discernimento” (Ap 13,18) para não divulgar doutrinas falsas baseadas em interpretações subjetivas de textos bíblicos de difícil compreensão.

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Lúcio Rufino Pinheiro

sábado, 23 de junho de 2018

TRADUÇÃO BÍBLICA E SEUS EQUÍVOCOS


Uma boa tradução de um texto bíblico é fundamental para compreendemos e interpretarmos a Palavra de Deus. Examinaremos o texto bíblico de Apocalipse 22,14 levando em consideração uma tradução de tradição Católica e outra de tradição Protestante.
A tradução Católica (Bíblia de Jerusalém): "Felizes os que lavam suas vestes para terem poder sobre a árvore da Vida e para entrarem na cidade pelas portas".
A Tradução Protestante (Almeida Corrigida e Revisada): Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas”.
As duas traduções citadas aprsentam diferenças. Na primeira, Católica, temos a expressão: “Os que lavam suas vestes”. Na segunda tradução, Protestante, lemos: “Guardam os seus mandamentos”.
Aparentemente essa diferença de tradução parece não ter muita importância. No entanto, essa mudança gera uma polêmica perincipalmente entre os grupos religiosos que defendem que a lei de Moisés não foi abolida e, que, portanto, os cristãos têm obrigação de seguir todos os mandamentos entregues para Moisés, de modo especial à guarda do sábado.
 A diferença entre as palavras “vestes” e “mandamentos” no grego é uma questão de letras iniciais.  Vestes no acusativo plural é “στολασ” (stolas) e mandamentos é “εντολασ” (entolas) sendo a diferença de um “s” e de “en” nas respectivas palavras.
Por que essas diferenças de traduções? A diferença deve-se a alguma troca do copista que certamente equivocou-se ou “cochilou”.
No texto grego que tenho acesso, a palavra grega é εντολασ (mandamentos). Não é facil saber qual o termo no original, porque o que existem são cópias divergentes em alguns aspectos.
O termo “στολὰς” aparece em mais três textos do apocalipse (7,9; 7,13, 7,14) e é traduzido por vestes. “ἐντολας” aparece 18 vezes no NT (Mt 19,17; Mc 10,19; Lc 18,20; Jo 11,57; Jo 14,15; Jo 14,21; Jo 15,10 9(2x); Cl 4,10; 1Jo 2,3; 1Jo 2,4; 1Jo 3,22; 1Jo 3,24; 1Jo 5,2; 1Jo 5,3; 2Jo 1,6; Ap 12,17; Ap 14,12) e é traduzido por mandamentos. Em Ap 16,15 que diz: “Feliz aquele que vigia e conserva suas vestes, para não andar nu e deixar que vejam avergonha” e Ap 3,4.18 o termo grego que aparece é “ἱμάτια” , traduzido por vestes ou mantos.
Vejamos algumas Traduções Católicas sobre o texto em questão:
Septuaginta transliterada: entolas (mandamentos)
Septuaginta + NT : "στολὰς " (vestes)
Vulgata Latina – stola (vestes)
Neo vulgata latina: stola (vestes)
King James – Mandamentos (commandments)
Bíblia Latinoamericana – vestes (ropas)
Bíblia Ave Maria (vestes)

A diferença de todo texto bíblico deve-se ao texto fonte do qual foi feita a tradução. Nem sempre se trata de intencionalidade para se adequar aos interesses doutrinários, mas de um equívoco do copista ou tradutor.

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Lúcio Rufino Pinheiro

quinta-feira, 14 de junho de 2018

O MEIO-DIA DA MINHA E DA SUA VIDA


Ao recordar os belos momentos da minha infância querida nas terras interioranas potiguares, sou tomado pela lembrança da hora do meio-dia, quando junto com meus amados irmãos, sentávamos à mesa para saborear aquela comida deliciosa, temperada com amor e carinho, que só a mãe sabia preparar. Velhos tempos, belos dias.
Na hora do meio-dia, gostava de escutar o cantar do vim-vim, pássaro tão conhecido na minha região. Quando esse pássaro cantava e nos encantava, era comum respondermos: “se for bom venha, se for ruim vá embora”, pois, segundo a tradição de nossos pais, o seu canto anunciava que uma visita estava para chegar.
Depois de mais de vinte anos que não escuto o canto do vim-vim, pois não há espaço para ele na grande cidade onde moro, ou porque o mesmo já se encontra entre aqueles pássaros ameaçados de extinção, redescubro um novo sentido do meio-dia. Esta descoberta seu deu a partir da meditação da Sagrada Escritura. Nela, descobri que o meio-dia não significa simplesmente a hora da visita de alguém, mas o tempo sagrado do encontro do homem com Deus. Ele é a visita ilustre que possibilita ao homem entrar numa relação de diálogo e de intimidade, e, ao bater na porta do seu coração, espera encontrar hospitalidade.
O presente texto tem como finalidade apontar um sentido bíblico e antropológico acerca do meio-dia.

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Lúcio Rufino Pinheiro

O MEIO-DIA DA LITERATURA EXTRA-BÍBLICA


O meio-dia tornou-se tema das manifestações artísticas do homem nas mais diversas épocas e culturas. Os cineastas incluíram em seus roteiros, os pintores expressaram a sua beleza, os músicos fizeram do meio-dia melodia, os poetas incluíram-no nas linhas dos seus versos. Recordemos o poema de Alberto Caeiro, quando trata do meio-dia numa perspectiva religiosa:
“Num meio-dia de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se longe” (Apud: PESSOA, 2008, p.25)
Outro poeta que declamou sobre o meio-dia foi Olavo Bilac, um dos mais exímios poetas brasileiros. Em seu poema “Meio-dia”, dá todo um rico significado do meio-dia relacionado-o aos aspectos: religioso, antropológico, cultural, cosmológico e social:
“Meio-dia. Sol a pino.
Corre de manso o regato.
Na igreja repica o sino;
Cheiram as ervas do mato.
Na árvore canta a cigarra;
Há recreio nas escolas:
Tira-se, numa algazarra,
A merenda das sacolas.
O lavrador pousa a enxada
No chão, descansa um momento,
E enxuga a fronte suada,
Contemplando o firmamento.
Nas casas ferve a panela
Sobre o fogão, nas cozinhas;
A mulher chega à janela,
Atira milho às galinhas.
Meio-dia! O sol escalda,
E brilha, em toda a pureza,
Nos campos cor de esmeralda,
E no céu cor de turquesa...
E a voz do sino, ecoando
Longe, de atalho em atalho,
vai pelos campos, cantando
A Vida, a Luz, o Trabalho” (Apud: Henriqueta, 2001, p.70)
O meio-dia para os poetas citados tem forte conotação experiencial. Está relacionado aos acontecimentos cotidianos da vida, como: experiência religiosa, trabalho, a relação com a vida e a natureza.

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Lúcio Rufino Pinheiro


O MEIO-DIA E OS PADRES DO DESERTO


A literatura também se preocupou em escrever e descrever sobre o meio-dia. Encontramos a interpretação do sentido do meio-dia nos Padres do Deserto. Interpretando o salmo 91,6 que se refere a “peste que caminha na treva” e “epidemia que devasta ao meio-dia”, os Padres do Deserto associaram ao que denominaram de “demônio do meio-dia”
Para Padres do Deserto o demônio do meio-dia era o sentimento da acídia (akidía). Este termo grego pode ser traduzido como: desânimo, tédio, desengano, desgosto pelas coisas espirituais, abatimento, cansaço. A acídia provoca desestabilidade, inconstância, aversão a tudo que se encontra ao seu redor, murmuração e a perda da alegria de viver. A acídia atingia o asceta quando este, depois de ter sentido várias vezes a consolação divina, passava por uma sensação de inutilidade, pondo em dúvida todo o seu itinerário espiritual percorrido. Às vezes o “demônio do meio-dia” incitará esse homem casto e sóbrio a “recuperar o tempo perdido” na área da sensualidade ou das bebidas mais pesadas” (LELOUPE,2003, p.95).
“O demônio do meio-dia é o demônio que reúne todos os demônios. É uma das tentações mais radicalmente sutis: apresenta-se, passado o primeiro entusiasmo e dinamismo do caminho espiritual, como cansaço e futilidade. A oração parece inútil e improdutiva; a prática da misericórdia fraterna parece tão longínqua como antes, encadeada aos defeitos do temperamento e do egoísmo. As paixões parecem reaparecer constantemente, sob novas formas. O espírito, cansado, insensível e opaco. A simbologia mística usou inumeráveis símbolos para expressar essa experiência clássica da maturidade humana e espiritual: a secura, a aridez, o deserto, o êxodo, a noite... Em tudo isso, a tentação fundamental consiste em ir recuperando, pouco a pouco e insensivelmente, o que foi entregue a Deus, no começo, pleno de generosidade e numa entrega total” (Sophia Perennis, 2011)
João Cassiano, um dos famosos monges do Deserto, escreveu sobre o demônio que atingia os monges na hora sexta causando-lhe vários malefícios, associando-o a preguiça e a tristeza:
“Nossa luta é contra o sexto espírito de preguiça, que é ligado espírito de tristeza e ele funciona, e isso é um terrível e pesado demônio, sempre pronto a dar a batalha para os monges. Recai sobre o monge na sexta hora, causando-lhe angústia e calafrios, causando ódio em direção ao lugar onde ele está e contra os irmãos que vivem com ele e sobre seu trabalho e sua leitura das Escrituras Sagradas. Ele também sugeriu a ideia de um outro lugar e a ideia de que se você não mudar, tudo vai fadiga e perda de tempo. Além disto, você terá a fome ao redor do meio-dia, como a fome não acontece após três dias de jejum, de uma viagem longa ou fadiga extrema. Depois de vários pensamentos irão surgir, como que nunca consegue se livrar deste malou de peso, caso ele não freqüentemente visitam este irmão, para ganhar uma vantagem, é óbvio, ou visitando os doentes. Quando o monge não está vinculado por estes pensamentos, então mergulhado em um sono profundo, tornando-se ainda mais violento e forte sentimento contra ele, e não se assuste se não for através da oração , evitando o lazer com a meditação da palavra divina e resistência à tentação. Porque se esse espírito não encontrar o monge defendida por essas armas, acerta com suas flechas e torna-se instável, agitado, ele se torna lento e preguiçoso, induzindo-o a viajar vários mosteiros, não se preocupando, não procuram nada além de lugares onde comer e beber bem. Porque o espírito de preguiça só pensa no presente ou no entusiasmo que vem dessas coisas. E, neste ponto, o diabo envolve em assuntos mundanos, e pouco a pouco nos envolvemos com essas ocupações perigosas, até que o monge rejeita completamente seus votos monásticos” (Apud: SOPHIA PERENIS,2011 ).

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Lúcio Rufino Pinheiro

O MEIO-DIA E AS CIÊNCIAS HUMANAS


As reflexões dos Padres do Deserto acerca do demônio do meio-dia não ficaram num passado distante. Os escritores e as ciências humanas dos nossos tempos desenvolveram todo um pensamento, associando o demônio do meio-dia às crises pelas quais enfrentam muitas pessoas.
O escritor americano, Andrew Solomon, em sua obra “o demônio do meio-dia: uma anatomia da depressão” é um exemplo da atualização, na modernidade, do que os Padres do deserto chamavam de o demônio do meio-dia. Em sua obra, Andrew, a partir de sua experiência pessoal trata sobre o mal da depressão, conhecida como a doença do século. A depressão, como sugere o título do seu livro, é associada pelo autor como “o demônio do meio-dia”. O modo como Andrew descreve a depressão aponta as mesmas características da acídia, o demônio do meio-dia, do qual se referem os Padres do Deserto. Afirma o autor:
“A depressão é a imperfeição no amor. Para podermos amar, temos que ser criaturas capazes de se desesperar ante as perdas, e a depressão é o mecanismo desse desespero. Quando ela chega, degrada o eu da pessoa e finalmente eclipsa sua capacidade de dar ou receber afeição. É a solidão dentro de nós que se torna manifesta, e destrói não só a conexão com os outros, mas também a capacidade de estar apaziaguadamente apenas consigo mesmo. [...] Na depressão, a falta de significado de cada empreendimento e de cada emoção, a falta de significado da própria vida se tornam evidentes. O único sentimento nesse estado despido de amor é a insignificância” (SOLOMON, 2002, p.15)
A depressão é o demônio do meio-dias dos nossos dias. Ela tem atingindo as mais variadas classes sociais, provocando nos dominados um “azedume” pela vida. No depressivo, a pulsão da vida acaba dando lugar ao desejo pela morte. Sua vida torna-se uma noite escura na claridade do meio-dia.
“Uma leitura moderna diz que o demônio do meio-dia não é um bicho do inferno, mas é um sofrimento insidioso, específico de uma época em que faltam cantos escuros.
Ele é nossa própria tristeza, a depressão e o tédio produzidos por um mundo com poucas sombras e poucos mistérios” (CALLIGARIS, 2010).
A psicanálise e psicologia interpretam o demônio do meio-dia como um estado de crise em que o homem passa na metade de sua vida (40 anos). A “crise da meia idade” faz com o indivíduo passe a perguntar sobre si mesmo e pelo sentido de sua vida. Para Jung a crise da meia idade se dá na segunda fase do processo de individuação, ou seja, quando uma pessoa encontra o seu si mesmo (self) que o distingue dos demais.
Jung assim define a individuação:
“Individuação significa tornar-se um ser único, na medida que por “individualidade” entendemos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significando que nos tornamos nosso próprio Self. Podemos traduzir individuação como ‘tornar-se si mesmo’ ou ‘orealizar-se do si mesmo’ (Apud: SAINAI, 2000, p.74).
Segundo os comentadores de Jung para o mesmo o que determina a crise da meia idade é o conflito. Para Jung “o conflito aparentemente insuportável é prova de que sua vida está correta. Uma vida sem contradição interior é apenas meia vida ou então uma vida no Além, destinada apenas aos anjos” (Apud: SHARP, 1988, p.14).
Na sua crise da meia-idade, o homem desce em si mesmo, conhece a sua sombra interior, todos os sentimentos vêem á tona e suas certezas são postas em questão.
“Na meia-idade, o retrato de Dorian Gray[1] sai do armário. Com ele saem todos os demônios relegados para a sombra durante a primeira parte da nossa vida. Sentimentos proibidos de impotência e raiva; medos secretos de não sermos atraentes e de sermos rejeitados; fantasias encobertas de desejos sexuais; devaneios privados imbuídos de criatividade; perguntas não respondidas sobre o significado e o propósito das coisas. É todo um mundo de interrogações que nos assalta e nos persegue, até que nos voltamos para encarar a fera de frente” (A SOMBRA).
A descoberta da sombra é positiva, pois permite conhecer a si mesmo e contribui para que possamos encontrar a unificação consigo mesmo, com o outro e com Deus. Segundo Enrique Martinez, em sua obra “A face oculta”,
“embora doloroso, o encontro com a própria sombra é uma graça, um dom. Porque graças a ela avançaremos na verdade e na luz sobre nós mesmos, e, em última análise, em amor e unidade com todos. Podemos vê-la como uma ajuda amistosa, e como tal, dar-lhes a boas-vindas” (2008, p.17).
Conhecer a sombra que existe dentro de nós mesmos, e que muitas vezes nos impede brilharmos como o sol do meio-dia, constitui um caminho de humanização. Afirma Martinez:
“A sombra nos humaniza e, ao pôr-nos diante de nossas próprias limitações, faz-nos mais humildes e nos liberta. Daí decorre que o trabalho com ela seja fonte de liberdade e de delicado respeito pelos outros. Por tudo isso, a sombra é um guia necessário ao caminho de toda a pessoa que deseja crescer na verdade e na liberdade. Para sentir-nos concretos, temos de passar pelo lugar obscuro que há em nosso interior e fazer as pazes com as trevas se queremos chegar a totalidade” (ibdem, 2008 p.17).
A totalidade da qual trata Martinez, pode entendida numa linguagem cristã, como a paz do espírito, harmonia interior. Até chegarmos a essa plenitude espiritual se faz necessário fazer um longo e ardoroso encontro consigo mesmo para que possamos conhecer, assumir, trabalhar e redimir todo o que envolve o nosso mundo interior. A paz interior é fruto de um duro combate com os nossos demônios interiores no meio-dia da nossa existência. Quem foge desse combate continuará sendo movido sombra do seu individualismo, do egoísmo, impossibilitará contemplar sol da verdade sobre si mesmo.

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Lúcio Rufino Pinheiro

[1] Dorian Gray é o personagem do romance inglês, O Retrato de Dorian Gray, do escritor Oscar Wilde. Dorian era um rapaz de uma beleza exuberante. Seu amigo, Basil Hallward fez uma pintura belíssima de Dorian. Ao contemplar o seu retrato, Dorian deseja viver sempre jovem e diz: “Eu ficaria velho, aniquilado, hediondo! ... Essa pintura continuará sempre fresca. Nuca mais será vista mais velha do que hoje, neste dia de junho...Ah! Se fosse possível mudar os destinos; se fosse eu quem devesse conservar-me novo e se essa pintura pudesse envelhecer! Por isso eu daria tudo!...Não há nada no mundo que eu não desse... Até minha alma!...” (WILDE, 2006, pp.64-65). Por trás de sua beleza escondia uma personalidade egoísta e má. Toda a sua maldade refletia no quadro, que a cada ação sua mostrava o mostro que ele se tornara.


O MEIO-DIA NA PERSPECTIVA BÍBLICA


Na Bíblia, a expressão “meio-dia” (mesembría), é mencionada inúmeras vezes nos mais variados contextos e sentidos. Foi ao meio-dia, ao redor da mesa da refeição, que se deu o reencontro doloroso de José como os seus irmãos (Gn 43,16.25). Foi ao meio-dia que Elias desafiou os profetas de Baal (1Rs 18,27.29), que os filhos de Hemon de Berot chegaram à casa de Isboset (2Sm 4,5) e os israelitas partiram para combater os arameus (1Rs 20,16). Amós profetizou que o sol iria se pôr ao meio-dia (8,11). O profeta Sofonias anunciou que Azoto será expulsa em pleno meio-dia (2,4). O autor do Eclesiástico trata sobre a proteção do Senhor contra o ardor do meio dia (34,19). O salmista compara a realização do direito como a claridade do meio-dia (Sl 37,6). Era conhecida como a hora da ação do mal, da visita do demônio do meio-dia (daimoniou mesembrinou) (Sl 91,6), como se refere algumas versões gregas. O profeta Isaias faz referência sobre a sombra do meio-dia (16,3), da sua claridade (58,10) e do tropeço do povo ao meio-dia (59,10). Jeremias menciona o “grito de guerra ao meio-dia” (20,16) e o destruidor que vem em pleno meio-dia (15,8). O meio-dia era a hora sagrada da oração (Sl 55,17). O Anjo manda que Filipe parta ao meio-dia (ou para o lado do sul) (At 8,26). Em Jó 23,9, Dn 18,4.9, Mateus 12,42 o vocábulo mesembría, aparece se referindo a posição geográfica, ou seja, a região do sul (nótos), de onde se provinha os ventos da chuva. O termo mesembría pode ser encontrado ainda em outras passagens bíblicas como: Is 18,4, Jz 5,10; Dt 28,27; 2Rs 4,20; Jó 11,17; Jr 6,4; Jr 20,16. Encontramos ainda, uma única vez no Novo Testamento a expressãohemera meses (ao meio-dia) no discurso de Paulo diante do rei Agripa (At 26,13).
Como podemos perceber a Bíblia faz menção diversas vezes sobre a hora do meio-dia. No entanto, algumas passagens são bem significativas e merecem uma reflexão a partir do ponto de vista da espiritualidade. Trago à tona para objeto da nossa meditação sete cenas bíblicas, que tratam do meio-dia ou hora sexta (éketes hóras).

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Lúcio Rufino Pinheiro

PRIMEIRA CENA: APARIÇÃO DE MAMBRÉ


“Iahweh lhe apareceu no Carvalho de Mambré, quando ele estava sentado na entrada da tenda, no maior calor do dia. Tendo levantado os olhos, eis que viu três homens de pé, perto dele; logo que os viu, correu da entrada da tenda ao seu encontro e se prostrou por terra. E disse: Meu Senhor, eu te peço, se encontrei graças aos teus olhos, não passes junto de teu servo sem te deteres” (Gn 18,1-4).
A visita divina à tenda de Abraão e Sara é uma das mais belas cenas da Escritura. O encontro que Abraão e Sara tiveram com Deus (três homens, ou seja, Deus e mais dois anjos) se deu “no maior calor do meio dia” ou conforme a tradução grega, ao meio-dia (mesembrías). Abraão agraciado, com a visita divina, fez questão que “os homens” permanecessem em sua tenda.
O meio-dia no texto mencionado tem um sentido muito profundo. Trata-se da hora do encontro do homem com o Senhor, que chega na hora inesperada, que se manifesta de forma extraordinária no ordinário da nossa vida e que exige de nós uma atitude de acolhida. O meio-dia para o velho Abraão e a velha Sara foi inesquecível. Naquela hora, o Senhor revela-os que a estéril haveria de gerar e daria a luz um filho (Gn 18,10). Nessa promessa de Deus estava contida uma transformação em suas vidas, pois ao se realizar, Sara saiu de sua condição de mulher marginalizada e maldita. O meio-dia foi a grande virada que ocorreu em suas vidas;

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Lúcio Rufino Pinheiro

SEGUNDA CENA: A BUSCA DA AMADA PELO AMADO


“Avisa-me, amado da minha alma, onde apascentas, onde descansas o rebanho do meio-dia (mesembria) para que eu não vaguei perdida entre os rebanhos dos teus companheiros” (Ct 1,7).
O tema da busca da amada pelo amado permeia todo o livro do Cântico dos Cânticos. A alma separada do amado deseja ardente unir-se a Ele. Era ao meio-dia, quando se conduzia o rebanho para descansar à sombra, que os enamorados se encontravam. O meio-dia aparece neste contexto como a hora do encontro de duas pessoas envolvidas numa relação amorosa, da intimidade, da aproximação, da convivência, da declaração dos sentimentos.
A literatura espiritual desenvolveu toda uma reflexão acerca da esponsalidade. A amada é comparada a alma que busca unir-se totalmente a Deus, o amado, pois está “doente de amor” (Ct 5,8). Nessa busca espiritual a alma se considera esposa do seu único esposo Jesus Cristo, “o mais belo dos filhos dos homens” (Sl 45,3). Apaixonada pelo amado, para entregar-se totalmente a ele, a alma abandonava todos os outros amores, pois deseja pertencer somente a Ele: “Eu sou do meu amado e meu amado é meu” (Ct 6,3).
O meio-dia na perspectiva espiritual é o momento propicio para o encontro da pessoa amada com seu amado Deus. É a hora do despertar o desejo profundo de querer encontrar o Senhor, de conhecê-lo mais intimamente e de entregá-lo todo o coração. Esse desejo é permanente, insaciável, quanto mais a pessoa cresce na intimidade com Deus, mais cresce a sua ânsia de amá-lo.

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Lúcio Rufino Pinheiro

TERCEIRA CENA: ENCONTRO DA MULHER SAMARITANA COM JESUS


Foi, pois, a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, junto da herdade que Jacó tinha dado a seu filho José. E estava ali a fonte de Jacó. Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isto quase à hora sexta (hora ékete). Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber (Jo 4,5-6).
O encontro da Samaritana com Jesus provocou transformação em sua vida. Jesus desperta naquela mulher o que ela nunca tinha sentido: sede de Deus. No meio-dia da vida da samaritana, ela encontra o sétimo marido, o perfeito. Ao conhecê-lo ela passou a experimentar uma vida nova, descobriu que só na fonte divina pode realizar as suas necessidades. Por isso, se decidiu a abandonar a sua vida de prostituição (seis maridos), deixou o seu “cântaro” dos seus vícios e experiências passadas para testemunhar Jesus.
O meio-dia da samaritana foi marcado por alguns passos: encontro, diálogo, conhecimento, transformação, despedida, testemunho. Trata-se do itinerário de conversão que aquela mulher percorreu. A hora sexta tornou-se para ela o momento significativo de redirecionamento de sua história.

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Lúcio Rufino Pinheiro

QUARTA CENA: OS TRABALHADORES DA VINHA


PORQUE o reino dos céus é semelhante a um homem, pai de família, que saiu de madrugada a assalariar trabalhadores para a sua vinha. E disse-lhes: Ide vós também para a vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram. Saindo outra vez, perto da hora sexta (horaékete) e nona, fez o mesmo (Mt 20,1.4-5).
A parábola dos trabalhadores enviados à vinha deixa claro que cada um dos contratados para assumir o trabalho teve sua hora de ser convocado. Alguns foram chamados ao meio-dia. Considerado que o dia para o judeu tinha doze horas (Jo 11,9), podemos afirmar que aqueles que foram contratados ao meio-dia, se incluíam no grupo daqueles que já não tinham mais esperança de encontrar um trabalho. No entanto, uma surpresa, o contratante (pai) encontra-os e envia-os para a labuta.
Esta parábola nos ensina que o meio-dia da nossa vida pode ser a hora em que Deus vem ao nosso encontro para nos comprometermos com o seu Reino. O encontro com Ele, no meio-dia da nossa existência, exige que saiamos da nossa “praça do comodismo” para colocar-se a disposição da missão que nos é confiada.

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Lúcio Rufino Pinheiro

QUINTA CENA: A CRUCIFIXÃO DE JESUS


E desde a hora sexta (éketes horas) houve trevas sobre toda a terra, até à hora nona. E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? (Mt 27, 45-46).
O meio-dia de Jesus foi a hora mais dolorosa de sua vida. Na cruz, se encontrava numa situação de sofrimento, da humilhação e da angústia. Abandonado por muitos de seus seguidores, Jesus faz a experiência da solidão. Foi tentado pela última vez a não assumir a missão de Redenção, ou seja, “descer da cruz” (Mt 27,40). No entanto, esvazia-se de si mesmo e se entrega totalmente a vontade do Pai.
Como Jesus, no meio-dia da nossa vida, nos deparamos com situações extremantes dolorosas. Nesta hora, somos tentados a desanimar por não encontramos sentido para viver. É exatamente nesta hora do meio-dia que somos chamados a tomar uma decisão: assumir a cruz com amor ou fugir dela.

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Lúcio Rufino Pinheiro

SEXTA CENA: ENCONTRO DE PAULO COM JESUS NO CAMINHO DE DAMASCO


Ora, aconteceu que, indo eu já de caminho, e chegando perto de Damasco, quase ao meio-dia,(mesembrían) de repente me rodeou uma grande luz do céu (At 22,6). 
O meio-dia de Paulo se caracterizou por um encontro inesperado com Jesus Ressuscitado no caminho de Damasco. Paulo foi envolvido por uma luz que o fez cair em si mesmo (caiu por terra) (At 9,3-4) e descobrir sua cegueira. Paulo passa a conhecer o Jesus que ardorosamente perseguia. A experiência com Jesus, fez com que o seu meio-dia fosse profundamente marcado por uma transformação radical em sua vida. Aquele que antes perseguia é determinado pelo Senhor a levanta-se e percorrer não mais o caminho dos perseguidores, mas dos apóstolos, de suas testemunhas, daqueles que seguiam o Caminho.
Na experiência de Paulo com Jesus, a hora do meio-dia foi transpassada pela conversão, por uma mudança de pensamento, sentimentos e atitudes. Assim também, no meio-dia da nossa vida, somos interpelados a percorrer caminho de Damasco para encontra-se com Jesus e assim mudarmos de vida. O meio-dia de nossa vida será sempre aquele que fizermos um encontro pessoal e transformador com o Ressuscitado.

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Lúcio Rufino Pinheiro

SÉTIMA CENA: VISÃO DE PEDRO


E no dia seguinte, indo eles seu caminho, e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao terraço para orar, quase à hora sexta(horan éketen). E tendo fome, quis comer; e, enquanto lho preparavam, sobreveio-lhe um arrebatamento de sentidos. E viu o céu aberto, e que descia um vaso, como se fosse um grande lençol atado pelas quatro pontas, e vindo para a terra (At 10,9-10).
O meio-dia era a hora que todo piedoso judeu fazia sua oração. Pedro, estando em oração, tem uma extraordinária experiência espiritual: “viu o céu aberto”. O conteúdo da revelação que Pedro teve era revolucionário. Deus mostra a Pedro que também os pagãos são destinatários da salvação. O convite feito a Pedro para comer os alimentos (At 10,13) se tratava de acolher os gentios na comunidade cristã sem obrigá-los ao cumprimento das leis judaicas. Através dessa revelação, Pedro muda seu pensamento em relação aos povos que não eram Judeus, pois Deus lhe mostrara que “a nenhum homem se deve chamar de profano e impuro” (At 10,28).
Na experiência de Pedro, o meio-dia é rico de significado. É a hora que se dar a comunicação de Deus com o homem. A oração é o canal que possibilita o conhecimento dos desígnios divinos. O céu se abre quando voltamos nossa mente e coração para Deus. Ao contemplarmos as realidades celestes somos convidados a repensar sobre nosso modo de se relacionar com os irmãos. O meio-dia torna-se a hora da transformação da nossa maneira de pensar e agir.
Quem faz a experiência orante, no meio-dia de sua vida, passa a compreender como Pedro que “Deus não faz acepção de pessoas, mas que, em qualquer nação, quem o teme e pratica a justiça, lhe é agradável” (At 10,34). A hora do meio-dia torna-se o tempo propicio da descoberta da verdadeira face de um Deus que acolhe no seu plano de salvação todo aquele que o busca de coração sincero.
As cenas bíblicas mencionadas e comentadas nos permite compreender que o meio-dia não se refere simplesmente a um tempo cronológico, mas é carregado de um significado teológico espiritual. O meio-dia não é somente a hora mais quente do dia, mas a hora em que o coração do homem é aquecido pela luz divina, proporcionando-lhe uma transformação em sua vida.

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Lúcio Rufino Pinheiro

CONCLUSÃO DO TEMA DO MEIO-DIA


A pesquisa bíblica nos permite chegar a conclusão que o meio-dia tem um profundo significado teológico espiritual e antropológico.
Na visão teológica espiritual o meio-dia é a hora de Deus e do homem. De Deus quem vem ao encontro do homem, e do homem que se deixa encontrar por Ele. Nesse encontro, se estabelece uma relação de intimidade, de diálogo, conhecimento do amado (Deus) com a amada (pessoa humana).
A hora do meio-dia não é simplesmente a hora do repouso físico (sesta) mas do repouso em Deus, ou seja, passamos a sentir sua presença amorosa que proporciona um estado de harmonia interior.
O meio-dia é a hora da decisão do homem diante de Deus, de sua crise, de sua tentação, da descoberta de si mesmo e da vontade de Deus e da sua conversão para uma vida nova que brilhe como o sol do meio-dia.
A partir de uma visão meramente antropológica o meio-dia diz respeito a hora em que o homem se confronta consigo mesmo, suas crises, desafios, frustrações, tristezas, desânimos.
A experiência do meio-dia pode se dá nas mais variadas situações da nossa vida. Por isso, é necessário vigilância para perceber os sinais dos tempos que apontam a presença de Deus. Ele sempre se faz presente, no entanto, a sonolência da fé quando nos atinge pode impedir-nos de descobri-lo. Deus não está longe de nós, mas somos nós que não aprendemos ou temos dificuldades contemplar a sua presença. Como Jacó, é necessário acordar do sonho, e reconhecer que “Na verdade o SENHOR está neste lugar; e eu não o sabia” (Gn 28,16).

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Lúcio Rufino Pinheiro

Referências:
A SOMBRA: A meia idade como descida ao mundo subterrânio. Disponível em: <http://oladosombra.wordpress.com/2007/11/05/a-meia-idade-como-descida-ao-mundo-subterraneo/>. Acessado em: 19 de abril de 2011.
BÍBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Paulinas, 2006.
BIBLE WORKS
CALLIGARIS, Contardo. Zoé e o demônio do meio-dia. Disponível em: <http://orientacaopsi.blogspot.com/2008/12/zo-e-o-demnio-do-meio-dia-contardo.html>. Acessado em: 19 de abril de 2011.
HENRIQUETA, Lisboa (Org). Antologia de poemas para a infância. São Paulo, Ediouro, 2001.
LELOUP, Jan-Yves. Introdução aos “verdadeiros filósofos”: os Padres Gregos: um continente esquecido do pensamento ocidental. Petrópolis, RJ: 2003.
LOZANO, Enrique Martinez. Nossa face oculta. São Paulo: Loyola, 2008.
PESSOA, Fernando. Poemas completos Alberto Caeiro. São Paulo: Nobel, 2008.
SAINAI, Cláudio. Jung e a educação: uma análise da relação professor\ aluno. São Paulo: Escrituras Editora, 2000.
SAYÃO, Luiz. Novo Testamento Trilingue: Grego, português e inglês. São Paulo: Vida Nova, 1998.
SHARP, Daryl. Ensaios de sobrevivência: Anatomia de uma Crise de Meia-idade. São Paulo: Cultrix, 1998.
Sophia Perennis. Akedia. Disponível em: < http://www.sophia.bem-vindo.net/tiki-index.php?page=akedia>. Acessado em: 18 de abril de 2011.
WILDE, Oscar. O retrato de Dorian Gray. Trad. João do Rio. São Paulo: Hedra, 2006.


REFORMA PROTESTANTE X IGREJA CATÓLICA ROMANA

A Igreja Católica Apostólica não pode ser reduzida a uma única instituição, a Igreja de Roma. A história aponta que existiam no início vários núcleos do Cristianismo: Jerusalém, Samaria, Antioquia, Roma, etc. O que aconteceu é que Roma tomou para si o poder sobre as outras comunidades. Com todo respeito a sua opinião ou convicção, mas não podemos resumir o corpo místico de Cristo a uma instituição religiosa. Fazem parte da Igreja de Cristo todos aqueles que escutam e obed...ecem a voz do verdadeiro Pastor, Jesus. A Reforma Protestante, apesar de suas intenções políticas, foi importante para que a Igreja Católica da época pudesse reconhecer muitos dos seus erros. O problema é que a Igreja Romana não foi humilde para aceitar ser corrigida, preferiu continuar no seu orgulho a ter que aceitar a verdade da Palavra que diz: somos salvos pela graça e não simplesmente por obras. O que Lutero criticava, a venda da salvação, era justo. Ainda hoje é preciso a Igreja Católica Romana ser reformada, voltar às fontes do Cristianismo. Temos o que comemorar com 500 anos da Reforma Protestante, pois ela significou não uma divisão simplesmente , mas o desejo de renovação de uma instituição eclesiástica que encontrava-se cega pela riqueza, poder e prestígio.

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Lúcio Rufino Pinheiro

EDUCAÇÃO X BRASIL

A educação no nosso país está muito crítica. Falando para os alunos sobre o dia nacional da consciência negra, fiz três perguntas. Primeira: O que era um quilombo? Respondeu o aluno: " é aquilo que tem no carro professor" (ele estava se referindo a quilometragem do carro). Segunda pergunta: Em que ano ocorreu a "libertação" dos escravos? Respondeu: "Em 2003". Terceira pergunta: Como se chama a lei que "libertou" os escravos assinada pela princesa Isabel? Respondeu: "Lei Maria da Penha" . Eu não fiz mais perguntas pra não confundirem Zumbi dos Palmares com Nelson Mandela. É pra sorrir ou chorar?

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Lúcio Rufino Pinheiro

LÍDERES RELIGIOSOS ENVERGONHANDO O EVANGELHO

No universo religioso, muitos líderes religiosos estão envergonhado o Evangelho de Jesus . São padres, pastores e bispos vaidosos,mentirosos, enganadores, apoiadores de corruptos, indiferentes aos sofrimentos dos pobres, orgulhosos, arrogantes, grosseiros com suas ovelhas, propagadores de si mesmos do que de Cristo, preocupados mais com suas contas bancárias do que com a salvação das suas ovelhas. Gracas a Deus ainda encontramos alguns que são testemunhas fiéis de Cristo. Diante dessa realidade de escândalos de alguns líderes religiosos, resta-nos suplicar como o autor do apocalipse: Vem, Senhor Jesus! (Ap 22, 20). Vem, Senhor Jesus e expulsa da tua Igreja todos os mercenários disfarçados de pastores.

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Lúcio Rufino Pinheiro

MUNDO DESIGUAL

Andei pensando: Este mundo é muito desigual e injusto. Um cantor famoso, que talvez nunca fez um curso superior, ganhou 500 mil reais pela sua apresentação de pouco mais de 3 horas. Como professor, que fiz um bacharelado e uma licenciatura e que faço todo mês uma apresentação de 20 horas por semana, preciso trabalhar mais de 30 anos pra ganhar o que ele ganhou em três horas. Isso sem gastar com comida, transporte, despesas básicas da família, etc. Rapaz, já sei tocar triângulo, vou é investir na carreira artística, porque com essas Reformas Trabalhista e da Previdência do presidente Temer, eu vou morrer trabalhando. Reflexão: Uma nação que não valoriza o professor está condenada ao fracasso. Será que nosso país tem jeito?

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Lúcio Rufino Pinheiro

RELIGIÃO PURA

Alguns líderes religiosos são muito amáveis para acolher os dizimistas e extremamente indiferentes com os que são dizimados: pobres e excluídos da sociedade. Convém lembrar o que diz o apóstolo Tiago em sua carta: "Religião pura e sem mancha diante de Deus, nosso Pai, é esta: socorrer os órfãos e as viúvas em aflição, é manter-se livre da corrupção do mundo" (1,27).

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Lúcio Rufino Pinheiro

RENOVAR A ESPERANÇA

Vivemos tempos difíceis: problemas sociais e crises existenciais. Diante dessas realidades é preciso renovar a esperança que é possível um mundo que seja conforme o sonho de Deus. Esta é a nossa esperança: "O que nós esperamos segundo a promessa dele, são novos céus e nova terra, onde habitará a justiça" (2Pd 3,13). Um mundo que seja o santuário do amor, da justiça e da paz é o nosso sonho. Por isso, diante de suas dores, crises, desilusões, não perca a esperança, pois, a...s promessas de Deus de transformação, de bênçãos e felicidade estão por vir. Deus há de transformar teu pranto em alegria, teu luto em festa. "Assim disse o Senhor: Reprime o teu pranto e as lágrimas dos teus olhos! Porque existe recompensa para a tua dor... Há esperança para teu futuro" (Jr 31,16-17). ACREDITE: maior que os dias difíceis da sua vida é a promessa de felicidade de Deus para todos os seus filhos e filhas.

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Lúcio Rufino Pinheiro

AS EXIGÊNCIAS DO AMOR

Diz uma história que uma menina todos os dias caminhava um longo percurso levando nas costas para a escola o seu irmãozinho que era deficiente. Um dia alguém perguntou: “Como você suporta? Não é pesado?” “Não, é meu irmão”, respondeu a menina.
Quando somos movidos pelo amor o outro se torna um dom e não um peso. O amor permite que carreguemos o outro com suas deficiências, ...com seus limites. Amar exige abraçar o outro, colocá-lo nas costas e conduzi-lo com alegria para que possa alcançar a sua realização. Porém, quando não amamos, tudo se torna pesado, sem sentido, cansativo, amargo. No coração que não há espaço para o irmão que é pequeno, dificilmente terá espaço para acolher Deus em sua grandeza. Quem se inclina diante do irmão para servir, faz seu caminho de subida para Deus.

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Lúcio Rufino Pinheiro

CAMINHAR É PRECISO

“Mas o Anjo do Senhor veio pela segunda vez, tocou-o e disse: Levanta-te e come, pois do contrário o caminho te será longo demais” (1Rs 19,7).

Hoje, mais um percurso da nossa existência que há de ser percorrido. Nele, podemos encontrar muitas "pedras de tropeço", muitos "espinhos" que tentarão sufocar nossas esperanças. Talvez tenhamos que nos deparar com uma encruzilhada que nos lançará numa tremenda incerteza em relação ao fim ao qual queremos chegar.
...Acredito que seja este o obstáculo mais difícil do caminho: não saber para onde ir. Quer um conselho? Quer mesmo chegar a algum lugar? Se na tua peregrinação deparares com tal situação, não tenha medo de arriscar. Mesmo que o caminho seja difícil, longo, com muitas montanhas para serem escaladas é preciso percorrê-lo.
Lembre-se: O melhor caminho nem sempre é o mais fácil. Só você pode trilhá-lo, ninguém pode ser seu substituto. Sozinho ou acompanhado, dê o primeiro passo.
Conduza com você uma "bagagem leve", pois as "muitas coisas" que carregas poderão impedir você de atravessar os "rios" ou até mesmo ser causa de seu "afogamento". Carregue com você apenas o essencial, deixe para trás tudo o que é supérfluo, pois assim, você se sentirá muito mais livre.
Se em algum momento desse seu percurso sentir cansaço, desânimo, se a "fome e a sede" lhe abaterem, não desista. Olhe ao seu redor, pode haver uma alternativa. Quem sabe naquele deserto não encontrará uma fonte de água que lhe restituirá suas forças. Quem sabe não passará um "viajante" que lhe ajudará. Vocês poderão se tornar até bons amigos. Bem, se não passar esse viajante, nem tão pouco encontrar água no deserto, mesmo assim, não se sinta um fracassado, um perdedor. Coragem! Levanta! Tente caminhar mais um pouco. Erga seus olhos para os céus, faz ecoar seu grito de angústia, pois é de lá que virá o seu socorro, sua proteção, o seu guia.
Acima de suas forças existe um Deus que lhe ama sem levar em conta suas fraquezas, que lhe acolhe do jeito que você é, que lhe ampara no seu leito de dor, que acredita em suas potencialidades. Com Ele você será mais do que vencedor.


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Lúcio Rufino Pinheiro

COM O SENHOR SOMOS VITORIOSOS

"Com Deus nós faremos proezas, ele calcará nossos opressores” (Sl 108, 14).
Percebemos que os opressores de muita gente são: ansiedade, medo, preocupações desnecessárias. Devemos sempre ter em mente estas palavras de Jesus: “Quem dentre vós, com suas preocupações, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida?” (Mt 6,27). De nada adiantam as preocupações senão para nos angustiarmos. Deus cuida de nós. Mais do que se preocupar, convém pôr a confiança Nele, abandonando-se em suas mãos como uma criança nos braços do Pai. Como ainda precisamos cultivar um coração de criança e abandonar a razão adulta que faz duvidar, interrogar, desconfiar.

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Lúcio Rufino Pinheiro

PRECE AO MEU MESTRE


MESTRE, ENSINA-ME A SEGUIR-TE.
QUE EU POSSA OLHAR COM TEUS OLHOS DE MISERICÓRDIA E COMPAIXÃO.
QUE EU POSSA TOCAR COM TUAS MÃOS AMOROSAS, SERVIDORAS, CARINHOSAS, PURIFICADORAS....
QUE EU POSSA OUVIR COM TEUS OUVIDOS O CLAMOR DOS SOFREDORES QUE GRITAM POR LIBERTAÇÃO.
QUE EU POSSA FALAR COM TUA BOCA PALAVRAS CONFORTADORAS E ANIMADORAS.
QUE O MEU SENTIR E DESEJAR SEJAM CONFORME O TEU CORAÇÃO.
QUE MEU PENSAR ESTEJA EM SINTONIA COM O TEU PENSAMENTO, SEMPRE VOLTADO PARA O PAI.
QUE MEU CAMINHAR SEJA COM OS TEUS PÉS, MARCHANDO EM DIREÇÃO AOS MAIS NECESSITADOS.
QUE TODO O MEU SER SEJA UM RESPLANDECER DO TEU SER DIVINO. ASSIM SEJA! AMÉM!
 

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Lúcio Rufino Pinheiro

RELIGIÃO: DESEJO DA CRIATURA PELO SEU CRIADOR

A religião é um dos meios para que o homem possa está ligado a um Ser Transcendente. A religião permite unir o mortal com o imortal, o imanente com o transcendente. A religião desperta o desejo pela busca pelo um Ser Transcendente.
Podemos afirmar que a experiência religiosa se pauta também na dimensão do desejo. Uma das maiores expressões que demon...stra isso é aquela do salmista, que diz: “A minha alma tem sede de vós, minha carne também vos deseja, como terra sedenta e sem água” (Sl 63).
O desejo não é algo negativo. Cada ser humano é uma fonte de desejo. Este o impulsiona a viver, a lutar, caminhar. Sem desejo o homem não vive, não tem metas. Porém, esse desejo deve ser orientado de forma que seja usado para a edificação de si mesmo e do outro. Poderíamos dizer que é necessário exprimir um “desejo ético” para não se tornar uma perversão. Um desejo pervertido provoca a ruína de si mesmo e de uma comunidade social.
O desejo é parte do homem. Negá-lo é negar o próprio homem enquanto ser de desejo. No entanto, como ensinava o filósofo Aristóteles, a prudência (fronesis) deve orientar nossos desejos. Sem a prudência, ser impor limites a si mesmo, sem moderação, não nos comportaríamos como homens, mas como animais. Aliás, há homens que pervertidos moralmente agem de forma irracional (animal). Compete a religião ser um caminho de “construção”, renovação, elevar o homem em sua dignidade.
A religião pode ser usada para fins maléficos quando não se baseia nos princípios evangélicos: amor, compaixão, misericórdia, ternura. Na história constatamos que em nome da religião foram promovidas guerras; pessoas inocentes foram mortas. Quando a ética do Evangelho se encontra ausente do universo religioso a religião pode tornar-se instrumento de perversão moral, de opressão e de manipulação do “alter” (outro). A religião deve ser um instrumento que permite o homem orientar sua razão para desejar e executar somente o bem. Se a religião não realiza essa função deve ser questionada para que não seja construtora de “monstros”, mas de pessoas éticas. Nesse sentido, compete a religião modelar um ser humano melhor: bom, amável, respeitador, confiante, feliz. Compete principalmente a religião ser uma escada que facilite o ser humano subir para Deus, fonte do bem.


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Lúcio Rufino Pinheiro

"GERAÇÃO MÁ E ADÚLTERA” (Mt 16,4)

Geração e adúltera”:
Que se encontra envolvida em corrupção, que é movida por princípios egoístas e competitivos;
Que tem sido indiferente ao outro, tratando-o como objeto descartável;
Que permite que crianças morram de fome, que se omite diante dos graves problemas da humanidade;...
Tua ‘maldade’ e teu ‘adultério’ serão a tua própria ‘ruína’;
Que institucionaliza a injustiça, que aplaude corruptos e corruptores, que vibra com a desgraça do outro;
Que usa dos meios de comunicação para seduzir, enganar, manipular consciências humanas;
Que é excludente e marginaliza o seu semelhante;
O teu “luxo” é a razão de muitos estarem no “lixo”;
Que tem feito de sua vida um verdadeiro teatro, que pauta suas relações na hipocrisia;
Que tem feito do amor negócio, mercadoria de consumo;
Em tua “alegria” se esconde uma grande tristeza, na tua vitória se manifesta um grande fracasso;
Que tem aprendido o Mal e repudiado o Bem;
Que tem se “entregado” a tantos “ídolos”;
Teu sistema econômico tem gerado empobrecidos, miseráveis, excluídos;
Na tua democracia se esconde o autoritarismo, o absolutismo;
Quando será o dia que transformarás tua maldade em bondade e teu adultério em fidelidade?
Geração e adúltera” CURA a tua PARALISIA, EXORCIZA teus DEMÔNIOS” (maldades) para poder contemplar o BOM, o BELO.
Geração e adúltera”, ACORDA! DESPERTA! RESSUSCITA! SAI DOS TEUS PRÓPRIOS TÚMULOS: “PODRES”, “ESCUROS”! CONTEMPLA UM NOVO DIA!


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Lúcio Rufino Pinheiro

CORAGEM PARA RECOMEÇAR

Cada um é responsável por escrever sua própria história. Como autor do nosso próprio enredo, é possível sempre reescrever a vida de maneira que tenhamos um final feliz. Não importa o que a vida tenha feito com você, mesmo que não tenha lhe restado nada, nunca é tarde demais para recomeçar. O medo pode ser seu pior inimigo: mede de falhar, perder, arriscar novas experiências, de trilhar uma nova trilha. A vida não é para os covardes, para os que desistem nas primeiras dificuldades. Viver é ser capaz de encarar os desafios da vida com coragem e determinação. “Neste mundo vocês terão aflições, mas tenham coragem; eu venci o mundo” (Jo 16,33). A coragem consiste em tentar sempre. Por isso, tente outra vez.
( A cena é do filme “Encontro com o amor”).
Veja as cenas do Filme no link abaixo:https://www.facebook.com/rufino.pinheiro.5/videos/908034552707465/?t=69

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Lúcio Rufino Pinheiro

COMENTÁRIO SOBRE UMA POSTAGEM DO GRUPO CRENTE UNGIDO

Neste dias publicaram na minha linha do tempo uma postagem do grupo Crente Ungido. Com todo respeito aos irmãos evangélicos, mas o pregador foi infeliz quando disse: "Quem dera que Deus começasse a matar essa cambada" (palavras iniciais do pregador que estava se referindo aos pastores que cobram valores exorbitantes para pregarem). Não me parece nem um pouco cristão esse discurso: desejar a morte de alguém. É muito barulho e pouco conteúdo cristão e bíblico. Talvez esse pregador nunca leu ou não teve recordações de algumas passagens bíblicas do Novo Testamento, tai como: "Mas eu digo a vocês que estão me ouvindo: Amem os seus inimigos, façam o bem aos que os odeiam, abençoem os que os amaldiçoam, orem por aqueles que os maltratam” (Lc 6,27-28); “Abençoem aqueles que os perseguem; abençoem-nos, não os amaldiçoem” (Rm 12,4); “Com a língua bendizemos o Senhor e Pai e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. Da mesma boca procedem bênção e maldição. Meus irmãos, não pode ser assim!” (Tg 3,9-10); “Finalmente, tenham todos a mesma atitude, sejam compassivos, cheios de amor fraterno, misericordiosos e de espírito humilde. Não paguem o mal com o mal, nem o insulto com outro insulto; pelo contrário, abençoem, porque para isso vocês foram chamados, isto é, para serem herdeiros da bênção” (1Pd 3, 8-9). O cristão é sempre um portador da bênção e não da maldição.
As igrejas evangélicas precisam questionar certos pregadores que falam muito línguas estranhas e não falam a linguagem principal do Espírito que é o amor (1 Cor 13). O amor é o maior dom do Espírito, é “um caminho que ultrapassa a todos” (1Cor 12,31). Quem tem o dom do amor deseja o bem até para seus inimigos.


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Lúcio Rufino Pinheiro

COMENTÁRIO AO VÍDEO DO PASTOR E DEPUTADO, MARCO FELICIANO SOBRE O CASO DA PROFESSORA QUE ESTAVA ENSINANDO PARA JOVENS ALUNOS COMO USAR O PRESERVATIVO

Pastor e deputado, Marco Feliciano, procura outros temas para seus discursos. Você fala demasiadamente de moral e, no entanto, na sua prática, o senhor tem demostrado um comportamento amoral ao apoiar as reformas que massacram os pobres realizadas pelo governo Temer ou quando tem demostrado apoio pela permanência de corruptos no... poder. Por que “vossa excelência” não procura denunciar os corruptos que estão destruindo nosso país?. Por que será? Será que a pauta corrupção não é significativa? Isso não diz respeito a sua moralidade? Será que é moral sua pregação quando afirmou que os africanos sofrem porque foram amaldiçoados por Deus? Por favor, existem outras pautas mais significativas em nosso país para serem discutidas. O que a professora fez foi ridículo e desnecessário, pois, o que ela ensinava aos alunos (uso do preservativo) é algo que eles sabem muito bem na prática. O problema não é só a professora, mas principalmente a falta de uma educação para os valores morais nas famílias. O problema nosso, como ser humano, continua ainda sendo o da incoerência do discurso com a prática. A palavra de um homem tem autoridade quando seu discurso condiz com sua vida.

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Lúcio Rufino Pinheiro

A MENSAGEM DA CRUZ

“Com efeito, a linguagem da cruz é loucura para aqueles que se perdem, mas para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus” (1Cor 1,19).
O conteúdo do sermão proferido por Jesus na cruz fala de esperança, de entrega, de doação, de fidelidade, de perdão, de abandono, de dor e de realização. Suas palavras são dignas de serem acolhidas como referenciais para iluminar a vida cristã do homem contemporâneo, de modo que, possa nelas conduzir a sua vida, prin...cipalmente nos momentos cruciais do seu peregrinar.
A mensagem da cruz nos ensina grandes lições virtuosas: perdão, amor, obediência, a solidariedade, paciência, pobreza, humildade. Estas virtudes são frutos que brotam da árvore da cruz e são dignos de serem saboreados para se fazer parte do número dos bem-aventurados.
A mensagem da cruz é redentora. A cruz é a “árvore da vida”, da qual nascem frutos que geram em todos os homens e nos homens todos, novas existências. No alto da cruz, revela-se a expressão maior do amor, digno de ser imitado.
“Sim, eu amo a mensagem da Cruz, até morrer eu a vou proclamar. Levarei eu também minha cruz, até por uma coroa trocar” (J. Neto).


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Lúcio Rufino Pinheiro