Ao recordar os belos momentos da minha infância querida nas
terras interioranas potiguares, sou tomado pela lembrança da hora do meio-dia,
quando junto com meus amados irmãos, sentávamos à mesa para saborear aquela
comida deliciosa, temperada com amor e carinho, que só a mãe sabia preparar.
Velhos tempos, belos dias.
Na hora do meio-dia, gostava de escutar o cantar do vim-vim,
pássaro tão conhecido na minha região. Quando esse pássaro cantava e nos
encantava, era comum respondermos: “se for bom venha, se for ruim vá embora”,
pois, segundo a tradição de nossos pais, o seu canto anunciava que uma visita
estava para chegar.
Depois de mais de vinte anos que não escuto o canto do
vim-vim, pois não há espaço para ele na grande cidade onde moro, ou porque o
mesmo já se encontra entre aqueles pássaros ameaçados de extinção, redescubro
um novo sentido do meio-dia. Esta descoberta seu deu a partir da meditação da
Sagrada Escritura. Nela, descobri que o meio-dia não significa simplesmente a
hora da visita de alguém, mas o tempo sagrado do encontro do homem com Deus.
Ele é a visita ilustre que possibilita ao homem entrar numa relação de diálogo
e de intimidade, e, ao bater na porta do seu coração, espera encontrar
hospitalidade.
O presente texto tem como finalidade apontar um sentido
bíblico e antropológico acerca do meio-dia.
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Lúcio Rufino
Pinheiro
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