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quarta-feira, 13 de junho de 2018

A CULPA É DO DIABO?

    Existem, nas tradições Católica e Evangélica, grupos que vivem uma espiritualidade cristã equivocada, quando atribuem TUDO ou QUASE TUDO que gera prazer ou dor ao ser humano ao Diabo. Trata-se de uma espiritualidade com resquícios maniqueístas (maniqueísmo: filosofia religiosa que considerava que toda a natureza material era perversa e má) regida pela lei do NÃO PODE, porque é do Diabo. Não pode: cortar cabelo, pintar unhas, beber, ir à festa, dançar, come...r isso ou aquilo, contar piada, ir ao cinema, escutar uma música popular, etc, porque é do Diabo. Para esses grupos espirituais, males como: desemprego, fome, miséria, crise financeira, crise matrimonial, doenças, suicídio, etc, são de responsabilidade do Diabo.
    A espiritualidade cristã verdadeira não pode ser resumida a lei do NÃO PODE. O Cristão deve ter a maturidade para distinguir o que CONVÉM. Paulo diz: “Tudo é permitido, mas nem tudo convém” (1 Cor 6, 12). O que não convém? Não convém: aquilo que pode escravizar o ser humano, o excesso, o que provoca o mal, o que não edifica (Cf. 1Cor 10,23), o que provoca escândalo (Cf. 1Cor 10, 32). Mais do que ficar preso ao que não pode, o cristão deve ter a sabedoria para discernir. Exorta Paulo: “Discerni tudo e ficai com o que é bom” (1Ts 5, 21).
    Quando atribuímos tudo ou quase tudo como negativo e diabólico acabamos caindo no erro de exaltar demasiadamente a manifestação do mal e minimizar a presença do bem na criação: “E Deus viu que tudo era bom” (Gn 1,12).
    Essa espiritualidade é equivoca porque retira do homem a responsabilidade com suas próprias ações. Os males existenciais e sociais presentes no mundo têm suas origens no orgulho, no pecado, no egoísmo, na prepotência, na irresponsabilidade, na vaidade, na ganância do próprio homem. O mal e o bem estão dentro de nós. Compete a cada um a liberdade para escolher o que quer alimentar e viver.
    “Portanto, quer comais, quer bebais, quer façais qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Cor 10, 31). “A Glória de Deus é o homem vivo” (Irineu, séc. II). A glória de Deus é a felicidade do homem.

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    Lúcio Rufino Pinheiro



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