BRASIL: UM PAÍS DE GOVERNANTES E POVO EMBRIAGADOS

O livro dos Provérbios apresenta um resumo da sabedoria de vida dos israelitas e tem como finalidade orientar a vida do povo e seus governantes.
O texto bíblico (Pv 31,1-9) apresenta conselhos de uma mãe para que seu filho possa governar com justiça e cuidado para com os pobres. Dos conselhos dessa mãe, quero destacar e comentar dois que têm similitudes com os atuais problemas do Brasil.
Primeiro conselho: “Não é próprio do rei beber vinho, ó Lamuel, não é próprio do rei beber vinho, nem dos governantes gostar de licor; para que ao beber não se esqueçam do que foi decretado e não falsifiquem a causa de todos os pobres” (Pv 31,4-5).
Meditando esse primeiro conselho à luz da realidade do Brasil, percebe-se que os nossos governantes estão andando bebendo demasiadamente. O Brasil é um país de governantes (federal, estaduais e municipais) embriagados, pois, irresponsavelmente deixaram de promover a politica do cuidado com o maior patrimônio do país, o seu povo. Os governantes se embriagaram com o “vinho do poder” e com o “licor do dinheiro”. Nas suas amnésias alcoólicas, os mesmos esqueceram a promoção da justiça e o respeito aos direitos dos pobres. Os “beberrões da política”, viciados no “álcool da corrupção”, acostumados a beber à custa do suor do povo, abandonaram a causa de todos os cidadãos nas seguintes áreas sociais: saúde, educação, moradia, segurança, emprego, etc. O povo trabalhador do “boteco chamado Brasil” vive a suportar pacientemente a ressaca dos seus “embriagados administradores”, passando pelos mais diversos sofrimentos.
Segundo conselho: “Dá licor ao moribundo, e vinho aos amargurados: bebam e esqueçam-se da miséria, e não se lembrem de suas penas!” (Pv 31,6-7).
O segundo conselho parece que vem sendo seguido fielmente pelos governantes do Brasil. Eles têm embriagado o povo com o “licor da mentira” e o “vinho do entretenimento” (futebol, carnaval). O povo brasileiro embriagado, incapaz de evitar o “primeiro gole do vinho embriagante e maléfico” dos governantes, tem continuado sentado nas “mesas do comodismo e da omissão” afogando suas mágoas e sofrimentos.
Nenhuma nação será próspera com governantes e povo embriagados. Já é hora dos governantes abandonarem o “vício da corrupção” e a “embriaguez da irresponsabilidade”. Do povo espera-se que tome um “chá de consciência crítica e lutadora” para curar a “ressaca do comodismo”.

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Lúcio Rufino Pinheiro