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quarta-feira, 13 de junho de 2018

A POBREZA EVANGÉLICA QUE O MUNDO PRECISA

    “Felizes os pobres no espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,3).

    O que significa ser pobre no espírito? É simplesmente não ter nada? Penso que não. Ser pobre é esvaziar-se de si mesmo: vontades pessoais, desejos. Somos pobres na medida em que vivemos a Kénosis, o esvaziamento de tudo o que não é Deus. Ser pobre é saber pedir ajuda ao irmão. Ser pobre é ser humilde: reconhecer que não se sabe. Como precisamos trabalhar em nós ...este aspecto da pobreza, sendo mais discretos naquilo que fazemos, evitando procurar destaques. O que temos: dons, coisas foram dados por Deus. Nada é mérito nosso. Por isso, é para seu louvor tudo o que fazemos e não para satisfazer nossas vaidades. Quanto menores formos, maior reconhecimento teremos da grandeza de Deus.
    A pobreza evangélica consiste em ter uma atitude de humildade para acolher a vontade de Deus. Significa ainda, ter o necessário. Isso exige vigilância para não se deixar levar pela ideologia consumista. Quanto menos apegos temos aos bens ou pessoas, mais livres somos.
    A pobreza evangélica engloba três dimensões: Disponibilidade no amor, conformidade com Cristo pobre, servidor e solidariedade com os abandonados do mundo.
    a) Disponibilidade: Sem disponibilidade não há pobreza evangélica. Disponibilidade para sair de si mesmo, para ir ao encontro dos que passam necessidades. Tudo isso só tem sentido se for uma expressão de amor. Não é ser simplesmente disponível por ser. Não é um fazer por fazer, mas porque amo o Cristo. Quando a nossa disponibilidade tem como motivação o amor, encaramos a missão, não como peso, mas como algo que proporciona alegria. Só quem pode encontrar a alegria na dor e no sofrimento é quem ama. Fazer tudo com amor. Do serviço mais simples (lavar uma xícara) ao mais exigente (cuidar do doente) deve ser motivado pelo amor;
    b) Conformar-se com Cristo: A contemplação do Cristo pobre e crucificado deve motivar o cristão para viver como Ele. Não há outro referencial para viver a pobreza evangélica.
    c) Solidariedade com os abandonados do mundo: Aquilo que é abundante para alguém pode ser o que falta para o pobre. A pobreza evangélica deve nos levar ao encontro do pobre social. Na medida em que nos tornamos solidários com seu sofrimento e necessidades, experimentamos de fato a pobreza evangélica. Para o cristão, o cuidado com a pobreza é importante para não ser contagiado pelos desejos de “aburguesamento” e acúmulo desmedido.
    A vivência da pobreza evangélica nos leva a confiar na Providência Divina. Deus não nos abandona. Quando esperamos Nele com plena confiança é certo seu auxílio. Quem acumula é porque não confia na Providência. Quem confia nos cuidados de Deus não se preocupa com o dia de amanhã.
    Depois de refletirmos sobre a pobreza evangélica, resta-nos suplicar: Senhor, afasta-nos toda e qualquer cobiça e preocupação com o dia de amanhã!

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    Lúcio Rufino Pinheiro

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